Depois de uma longa espera, “Chainsaw Man: O Filme — Arco da Reze” chega aos cinemas com a promessa de expandir um dos universos mais caóticos e intensos da animação japonesa recente. A produção do estúdio MAPPA, que adaptou o acalmado mangá de Tatsuki Fujimoto, era aguardada como um espetáculo de brutalidade e emoção, mas o resultado, em vários momentos, fica aquém do impacto que o nome “Chainsaw Man” carrega.
Visualmente, o filme acerta em vários momentos: as sequências de luta são intensas, bem coreografadas e verdadeiramente espetaculares. A crítica da GamesRadar+ afirma que “a animação impressiona do início ao fim e atinge o máximo de seu potencial nas cenas de luta mais intensas.” Esses picos de adrenalina cumprem muito bem o que se espera de um longa-metagem exibido em sala de cinema, a sensação de ver algo que ultrapassa o “episódio de TV” e entra no território do espetáculo.
Mas, ao mesmo tempo, há falhas que incomodam. Movimentos simples, como andar, olhar ao redor ou interagir de modo cotidiano, soam travados, quase mecânicos. Essa rigidez se destaca justamente em oposição à fluidez e ferocidade das cenas de ação; dá a impressão de que o filme reservou o máximo de recursos visuais para os combates e relegou aos gestos comuns uma animação-menor.

No capítulo da narrativa, o longa mostra uma trama que demora a reter o espectador: o desenvolvimento é lento e, por diversas vezes, parece mais um “modo de espera” até o auge do espetáculo. A crítica da India Today observa que “O filme leva um bom tempo para ganhar ritmo”, uma constatação que casa com a sensação de que muitos momentos ficam em suspenso antes de a ação realmente explodir.
Além disso, muitos personagens com potencial de peso surgem de forma superficial. A impressão que fica é a de que se adaptou um arco muito caro ao público-fã, mas em vez de aprofundá-lo, optou-se por entregar uma versão mais sintética e menos densa. Já não se trata apenas de custear o espetáculo, mas de realmente movimentar a mitologia da obra, o que, aqui, não se cumpre plenamente. Como muitos fãs e críticos levantaram, o filme parece mais uma ponte ou uma recarga para a franquia do que um capítulo definitivo.
A tonalidade também é uma questão: sabendo que a franquia é famosa por ser visceral, sangrenta e impiedosa, aqui essa faceta parece contida. Alguns momentos-chave entregam o que se espera de dessacralização e violência estilizada, porém, de modo geral, há uma moderação que pode desapontar quem esperava ver algo tão cru quanto o mangá original. Mesmo veículos elogiosos assinalam que “algumas piadas e mudanças de tom não funcionam… por fazer parte de um arco de uma história maior, alguns momentos parecem apressados ou deixados no ar”. Em outras palavras, o filme parece dividido entre querer chocar e querer atender ao público de massas, e acaba em algum lugar intermediário.

Também ocorrem trechos verdadeiramente dispensáveis: cenas que se estendem sem que tragam novas informações, que não aprofundam personagens ou conflitos, e que mais parecem preencher espaço do que agregar valor. Essa sensação de “enchimento” rouba ritmo e energia. Ainda que esse tipo de cena possa ser aceitável para fãs que há muito esperam pelo personagem favorito em tela grande, para o espectador que busca um filme robusto em termos de enredo, o efeito é de oportunidade perdida.
Apesar dos deslizes, o filme conta com seus momentos de brilho: a direção de arte é forte, a paleta de cores e a composição visual funcionam bem, e a trilha sonora ajuda a sustentar a identidade (quando o filme está “ligado”). Para quem vai ao cinema porque ama a franquia e deseja simplesmente “ver Denji de novo”, o filme cumpre esse papel.
Em resumo, Chainsaw Man: Arco da Reze é um híbrido entre espetáculo e compromisso com o fã, impressiona quando quer impressionar, titubeia quando tenta ir além. Ele funciona como um refresco para quem esperava ver Denji outra vez em ação, mas deixa claro que o saldo narrativo e a profundidade emocional ficaram aquém do potencial.
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