Aviso! Esta crítica NÃO TEM SPOILERS! Caso você ainda não tenha visto o filme, fique tranquilo que não terá as surpresas estragadas
Entre os muitos acertos e erros do universo Marvel produzido pelo Fox, a franquia Deadpool foi um de seus sucessos mais inesperados. Após a terrível participação do personagem em X-Men Origens: Wolverine (2009), o ator Ryan Reynolds lutou com unhas e dentes para que o Mercenário Tagarela tivesse uma representação digna nos cinemas. Lançado em 2016 com um orçamento baixo para produções do gênero, Deadpool foi um verdadeiro estouro na carreira do ator e mostrou que filmes com classificação para maiores também podem ser sucessos. Filmes como Logan (2017) e Coringa (2019) jamais existiriam sem o sucesso de Deadpool.
Oito anos após o longa original, chegamos em Deadpool & Wolverine, com folga, o filme mais antecipado do ano por prometer reunir o personagem com o Wolverine de Hugh Jackman. E como foi o filme, você me pergunta. Bem, o título diz tudo, era exatamente o filme que eu esperava. Um longa descompromissado, cheio de piadas e referências, violento e muito engraçado, exatamente como um filme do Deadpool deve ser!
Wade Wilson (Ryan Reynolds) se encontra em uma crise de meia idade após se aposentar como Deadpool e tentar levar uma vida normal. Entretanto, quando a AVT – a mesma de Loki (2021-2023) – o recruta e informa que sua linha do tempo está a beira do colapso, o Mercenário Tagarela embarca em uma nova aventura ao lado de um Wolverine (Hugh Jackman) para salvar todos que ama.
Muitos estavam apreensivos com a chegada do personagem ao Universo Cinematográfico Marvel, se seu estilo de humor e violência seriam mantidos. E sim, o Deadpool continua exatamente igual aos filmes anteriores, inclusive fazendo piadas metalinguísticas do que Disney deixa ou não aparecer em tela. Esse foi com folga o filme que mais dei risada na franquia inteira, seja pelas inúmeras referências e sátiras que o personagem fala, cenas de humor físico muito engraçadas, a dinâmica e contraste com o rabugento Logan, as inúmeras participações especiais, foi um filme que fiquei com um sorriso do começo ao fim.
Também gostei bastante das cenas de ação. O diretor Shawn Levy, soube trabalhar muito bem as sequências de luta, valorizando as coreografias e rendendo cenas muito criativas. Seja pela excelente cena de abertura, os embates entre Wade e Logan e uma cena de luta dentro de um carro que faz um uso muito interessante do ambiente para o embate, todas são ótimas, bem gravadas e cheias de violência.
E por falar em Wolverine, é muito empolgante ver novamente Hugh Jackman no papel do personagem e agora usando o icônico traje amarelo e azul, algo que o próprio filme ironiza, já que demorou mais de 20 anos para colocá-lo no traje. O personagem rende ótimas piadas, cenas de luta e momentos que vão fazer todo fã de quadrinhos pirar.
Algo importante de se pontuar, é que se você espera que este filme tenha alguma repercussão ou grande impacto na narrativa deste universo, lamento informar mas não é o caso. A chegada ao MCU serve mais para que Deadpool possa fazer piadas e referências envolvendo a Disney, ao produtor Kevin Feige, Thor, Capitão América e demais Vingadores. Esta é uma aventura bem contida, o que ao meu ver, funciona bem melhor para o tipo de personagem que Deadpool é.
Em muitos momentos deste filme, fiquei me recordando de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (2021). Se Sem Volta Para Casa é uma carta de amor a toda história do Homem-Aranha nos cinemas, Deadpool & Wolverine faz a mesma coisa, prestando diversas homenagens e referências muito legais, hilárias e surpreendentes aos universo de filmes Marvel da Fox. Os créditos do filme, inclusive, é um compilado de vídeos de bastidores e produção de vários destes filmes da Fox que, apesar de vários altos e baixos, foram filmes que marcaram e fizeram parte de uma geração inteira, eu incluso, e serve como uma despedida muito bonita e digna deste universo.
No entanto, não foi só pelas partes boas que esse filme me lembrou de Sem Volta Para Casa, mas também de alguns problemas que estes filmes eventos compartilham. O roteiro é de longe o ponto mais baixo de Deadpool & Wolverine e fica claro que este filme é “filho” da greve de roteiristas de 2023. Quanto mais você pensa nele, mais furos e incoerências você encontra: seja nos vilões Paradox e Cassandra Nova são qualquer coisa e subaproveitados, o passado trágico deste Wolverine que é muito mal explorado, a ausência bizarra de todo o elenco de personagens secundários dos filmes anteriores como Vanessa, Cabel, Colossus, o taxista Dopinder ou com as participações especiais, por mais divertidas que sejam, são só para fazer os fãs pirarem, sem qualquer relevância narrativa.
Se formos comparar novamente com Sem Volta Para Casa, este também é um filme com várias incoerências e desculpas esfarrapadas de roteiro, mas que usa dos aranhas de Tobey Maguire e Andrew Garfield para progredir a história do Peter de Tom Holland, eles fazem diferença na trama. Já em Deadpool & Wolverine, apesar de ser muito legal ver em tela, o Logan de Jackman meio que está lá só para acompanhar a aventura, com um arco e traumas mal aproveitados.
O terceiro ato do filme também dá uma caída comparado com o início e meio. Não chega a ser ruim, rendendo cenas bem engraçadas, mas passa a sensação de algo bem genérico que já vimos em tantos outros filmes de heróis, o que para mim é bizarro, já que seria algo que o próprio Deadpool faria piada. A sensação que fica para mim é que este filme não é tão bem amarradinho quanto os dois primeiros, e esses pontos de roteiro que mencionei deixam bem claro.
Mas no fim das contas, Deadpool & Wolverine é um filme extremamente divertido, cheio de referências e homenagens que vão deixar os fãs felizes. Com ótimas piadas e cenas de ação, este é um filme descompromissado e vale bastante o ingresso.
⭐⭐⭐