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De 27 de fevereiro a 1º de março de 2025, a atriz mineira radicada em São Paulo, Juliana Birchal, encerra sua turnê pelo Paraná com apresentações do solo teatral “Subterrânea: uma fábula grotesca” em Curitiba. O espetáculo, que já passou por Londrina, Maringá e Piraquara, chega à capital paranaense por meio da Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz.
“Trazer o espetáculo para cidades paranaenses é uma oportunidade de compartilhar com um público inédito, o que com certeza vai acrescentar muito ao nosso trabalho. Além disso, há a troca com artistas locais e a possibilidade de colocar em pauta a violência de gênero, um tema urgente”, destaca Juliana.
Programação gratuita e acessibilidade
O projeto promove três apresentações gratuitas no Espaço Obragem, além de uma roda de conversa e uma oficina formativa intitulada “Mascaramentos para a Criação Teatral”. Ministrada por Juliana Birchal e pela provocadora cênica e produtora do solo, Jossane Ferraz, a oficina ocorre no dia 26 de fevereiro, no mesmo local.
Para ampliar a acessibilidade, o projeto oferece interpretação em Libras, audiodescrição e visita tátil ao cenário para pessoas cegas e com baixa visão, permitindo uma maior inclusão na experiência teatral. “Queremos aproximar todos os públicos da arte e da relevância do tema abordado no espetáculo”, explica a atriz.
A mulher-cigarra e a crítica ao patriarcado
No palco, Juliana interpreta uma mulher-cigarra, figura que se adapta aos papéis sociais impostos e, ao mesmo tempo, enfrenta as contradições e violências do sistema. “O espetáculo questiona a perpetuação de modelos sociais e valores morais, provocando o público a refletir sobre o lugar das mulheres na sociedade”, enfatiza.
Com direção de Lenine Martins, a peça utiliza a técnica teatral do mascaramento, recurso essencial para a construção da personagem. A metáfora com a cigarra reforça a crítica ao conservadorismo e à opressão social, comparando o ciclo de vida do inseto com a realidade das mulheres submetidas a padrões de comportamento. “O espetáculo reflete sobre como muitas mulheres seguem reproduzindo normas que as reprimem, acreditando que sua sobrevivência depende disso”, acrescenta Juliana.
Criação e inspirações
A ideia para “Subterrânea” surgiu a partir da leitura de “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll. Juliana se interessou pelo conceito do subterrâneo e sua simbologia. Em 2019, convidou a atriz Mayara Dornas para desenvolver um espetáculo inspirado na obra.
Outro fator crucial para a concepção do solo foi o isolamento social na pandemia da COVID-19. “A ideia do subterrâneo já ia além da história de Alice. O que vivíamos no Brasil, social e politicamente, foi um forte impacto para mim, e transformei isso em arte”, explica Juliana. O crescimento de discursos de ódio e conservadorismo também influenciou a dramaturgia, evidenciando como questões antes veladas vieram à tona com força.
A pesquisa de Juliana sobre mascaramento teatral também se conecta com sua trajetória acadêmica. Durante o mestrado na ECA/USP, ela aprofundou estudos sobre o Théâtre du Soleil, renomada companhia francesa onde realizou residência artística entre 2014 e 2016.
Trajetória e festivais
“Subterrânea: uma fábula grotesca” teve sua estreia nacional em junho de 2023, no Teatro de Bolso do Sesc Palladium, em Belo Horizonte. No mesmo ano, foi apresentado no Festival Solos Férteis, em Brasília. Em 2024, percorreu festivais em São Paulo e Mato Grosso, chegando agora ao Paraná para consolidar sua trajetória de impacto e reflexão social por meio do teatro físico.
SINOPSE
No formato de uma fábula grotesca, o solo aborda a trajetória de uma mulher-cigarra que, uma vez nascida cigarra, deve se conformar a cumprir o seu papel: acasalar, reproduzir e morrer. Pelo bem da espécie, a mulher-cigarra reproduz o próprio sistema que a reprime, mantendo assim, a ordem natural das coisas.
FICHA TÉCNICA
Concepção e atuação: Juliana Birchal
Direção: Lenine Martins
Dramaturgia: Juliana Birchal e Lenine Martins
Consultoria dramatúrgica: Si Toji
Provocação Cênica: Jossane Ferraz
Trilha sonora: Javier Galindo
Consultoria musical (violino): Vanille Goovaerts
Iluminação: Lucas Pradino
Cenografia, figurino e adereços: Laura Françozo
Maquiagem: Thaís Coimbra
Produção executiva: Juliana Birchal e Jossane Ferraz
Arte gráfica e identidade visual: Adriana Januário
SERVIÇO
CURITIBA
Espetáculo – Subterrânea: uma fábula grotesca
Dias: 27 de fevereiro a 1 de março
Local: Espaço Obragem (Al. Júlia da Costa, 204 – São Francisco)
Horário: 20 horas
Ingresso: Gratuito
Roda de conversa: 28 de fevereiro – após a apresentação
*Apresentação com LIBRAS e audiodescrição: 28 de fevereiro
*Todas as apresentações terão visita tátil uma hora antes das sessões
Oficina – Mascaramentos para a Criação Teatral
Dia: 26 de fevereiro
Horário: das 9h às 12h – das 14h às 17h
Local: Espaço Obragem (Al. Júlia da Costa, 204 – São Francisco)
Inscrições: inscrições através de link na bio do perfil do instagram @subterranea.fabula.grotesca
(Com informações e imagens da Assessoria de Imprensa)