Ainda estou aqui (falando sobre o que essa obra simboliza para a nossa arte)

Sim, essa é uma coluna sobre teatro. Mas, acima de tudo, é um espaço para lembrar o quanto a arte é capaz de mover multidões e transformar vidas.

É impossível questionar o impacto que Ainda Estou Aqui teve no cinema brasileiro, na trajetória de Walter Salles, na entrega arrebatadora de Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, e em cada profissional que fez parte dessa produção. Mas, mais do que isso, é essencial reforçar o quanto esse filme simboliza para o coletivo artístico e para todo o cenário cultural brasileiro — e agora, também para o mundo.

Ao abordar memórias e histórias de um período de sofrimento profundo, Ainda Estou Aqui nos resgata a importância da resiliência, do compromisso com a nossa própria voz e da arte como meio de resgate de memórias e transformação. O filme é um lembrete poderoso de que nossas experiências, por mais difíceis que sejam, podem se converter em talento e emoção, irradiando para outras vidas e conectando gerações.

A qualidade da obra salta aos olhos em todas as frentes: atuações intensas, uma equipe técnica primorosa e uma narrativa conduzida com sensibilidade e maestria.

O reconhecimento no Oscar consolida não apenas a relevância artística, mas também representa um impacto inestimável na indústria cultural como um todo — movimentando a economia, abrindo portas para novas produções e reforçando a necessidade de políticas públicas para o setor.

Por mais que o impacto direto seja no audiovisual, as consequências vão muito além do cinema e nós, no teatro, nos alimentamos desse tipo de conquista e sentimos o coração vibrar pela grandeza que é fazer acontecer. Um prêmio como o Oscar, conquistado por um filme brasileiro, reacende a esperança para toda a classe artística, lembrando que histórias bem contadas, com dedicação e verdade, podem ultrapassar barreiras. Tomamos a magnitude desse reconhecimento como um sopro de vida, carregando a certeza de que o talento brasileiro é imenso e que o mundo está disposto a ouvi-lo.

Mais do que celebrar um prêmio, “Ainda Estou Aqui” nos faz refletir sobre a potência da arte em todas as suas formas. Se o cinema brasileiro pôde conquistar esse espaço, o teatro — com sua essência pulsante e sua capacidade de reinvenção — também pode encontrar novos caminhos, novas vozes e novas plateias. Porque, no fim das contas, o que move a arte é a mesma força que nos mantém de pé: estamos juntos e somos muito maiores do que imaginamos. Ainda estamos aqui, e não há horizonte que não possamos atingir.

 

Texto por Gabi Coutinho | No Teatro Curitiba

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