Tendo sua primeira exibição durante a 13º edição do Olhar de Cinema, A Mensageira é um longa-metragem escrito e dirigido por Cláudio Marques que narra a história de Iris (Clara Paixão), uma oficial de justiça de Salvador que se vê em conflito entre executar as ordens que seu trabalho exige e suas convicções pessoais. Quando um ativista social desaparece após a entrega de um mandado assinado por Iris, a personagem embarca em uma jornada para descobrir o paradeiro do ativista enquanto reflete sobre seu papel como oficial de justiça, sua ancestralidade e lugar na sociedade como mulher negra.
O longa aborda questões fortes como injustiças sociais, racismo, as falhas do sistema de justiça e a busca por suas origens de forma complexa e com muita sensibilidade, prova da habilidade de Marques ao escrever diálogos que realmente impactam o espectador e o fazem refletir. A fotografia do filme, comandada por Flávio Rebouças, complementa muito bem a sensação a ser transmitida em cena, seja em momentos mais íntimos, reflexivos, alegres ou chocantes.
Todos os atores e atrizes do longa executam muito bem seus respectivos papéis, mas o grande destaque vai para Clara Paixão como a protagonista da trama, que consegue passar todas as nuances de Iris. O espectador realmente consegue sentir as dúvidas, anseios e conflitos internos que a protagonista está passando, e o fato de A Mensageira ser um dos primeiros projetos atuando em cinema, mostra o talento de Paixão enquanto atriz e seu grande potencial para o audiovisual.
Mesmo que história e personagens sejam densos e interessantes, o filme como um todo tem um ritmo um tanto lento e que chega a arrastar em alguns momentos das suas 2 horas e 20 minutos de duração, o que pode incomodar alguns. Entretanto, isso não muda o fato que A Mensageira é um ótimo filme e certamente um dos principais destaques desta edição do Festival.
⭐⭐⭐
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