O diretor de cinema Woody Allen, vencedor do Oscar, participou da Semana Internacional de Cinema de Moscou via videoconferência em 24 de agosto de 2025, gerando fortes críticas do governo ucraniano. Allen defendeu sua participação, argumentando que, embora considere Vladimir Putin “totalmente errado” e a guerra na Ucrânia “terrível”, não acredita que interromper diálogos artísticos seja a melhor forma de ajudar.
O evento é patrocinado por mídias estatais russas, empresas estatais e pelo governo de Moscou. Durante sua participação, Allen dialogou com o diretor russo Fyodor Bondarchuk, conhecido por ser aliado político de Putin e por apoiar publicamente a invasão da Ucrânia.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia emitiu um comunicado em 25 de agosto classificando a presença de Allen como “uma vergonha e um insulto ao sacrifício de atores e cineastas ucranianos que foram mortos ou feridos por criminosos de guerra russos”. A nota ainda acusou o festival de reunir apoiadores de Putin e servir como instrumento de propaganda.
Allen expressou admiração pelo cinema russo, citando especificamente a adaptação soviética de “Guerra e Paz”, dirigida por Sergei Bondarchuk (pai de Fyodor), vencedora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 1969. Embora tenha afirmado não ter planos de filmar na Rússia, o diretor declarou ter “apenas bons sentimentos por Moscou e São Petersburgo”.
O governo russo, por meio do enviado Kirill Dmitriev, utilizou a aparição de Allen para afirmar que “a Rússia não está isolada” e defendeu que “a arte deve construir pontes, não queimá-las”.
O festival ocorre em um contexto de tensão geopolítica, com a Ucrânia criticando veementemente qualquer forma de colaboração cultural com a Rússia desde o início do conflito em 2022. Allen, por sua vez, manteve sua posição de que o diálogo artístico deve permanecer além de disputas políticas.
