Inspirado no livro e peça da Broadway de mesmo nome, Wicked foi definitivamente um dos sucessos mais surpreendentes de 2024. É fato de que existe uma resistência bem grande do público com musicais, um gênero que anda penando para conquistar espaço nas salas de cinema. Vale lembrar, também, que existia grande dúvida quanto ao sucesso do longa, já que a última adaptação de um show da Broadway para os cinemas foi o fiasco Cats (2019). Após assistir Wicked em casa para a cobertura do Oscar 2025 do Folhetim Cultural, no entanto, o que me veio à mente assim que os créditos subiram foi: “Que filmaço que me arrependo de não ter visto nos cinemas.”
Servindo como um prequel para a clássica história O Mágico de Oz, em Wicked conhecemos a história de origem da Bruxa Má do Oeste e da Bruxa Boa do Norte. Antes de se tornarem as grandes Bruxas, elas eram Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande), duas estudantes de magia na Universidade de Shiz. Esta improvável amizade, no entanto, irá mudar para sempre a terra de Oz.
Logo nos minutos iniciais, Wicked já bombardeia o espectador com uma verdadeira explosão de cores e serve para mostrar o alto valor de produção do longa. Seja no design de produção, nos belíssimos cenários, nos figurinos coloridos, penteados, adereços e efeitos especiais, é visível o esmero que a equipe de produção colocou para dar vida à Oz, realmente trazendo o elemento de magia que um mundo fantástico e fantasioso como este pede.
Quantas vezes, especialmente nos últimos anos, temos ido assistir um grande blockbuster de Hollywood, de orçamentos astronômicos, e o resultado é um filme extremamente feio, sem vida e com efeitos inacabados? Este definitivamente não é o caso com Wicked. Com um orçamento estimado de US$150 milhões, é nítido em tela o grande investimento feito por parte da Universal e os idealizadores do projeto para entregarem um verdadeiro espetáculo aos espectadores.
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Além de um espetáculo visual, Wicked também é um deleite para os ouvidos. Todas as músicas, sem exceção, são muito bem compostas, com ótimas letras e ritmos. Stephen Schwartz, o compositor original do musical, retorna para rearranjar as canções para a adaptação ao lado do compositor John Powell (Como Treinar o Seu Dragão). Eu mesmo salvei no meu celular a trilha sonora do filme para escutar no tempo livre, de tão boas que elas são.
Quanto às sequências musicais em si, a direção de Jon M. Chu consegue articular muito bem momentos empolgantes, com dezenas de dançarinos ao mesmo tempo em tela, ângulos de câmera dinâmicos e coreografias complexas, bem como as sequências mais introspectivas e emocionantes.
No tópico de atuações, Cynthia Erivo tem uma excelente atuação no papel de Elphaba, conseguindo transmitir muito bem os sentimentos de isolamento e introspecção da personagem, além de arrebentar nas canções. Agora quem realmente me surpreendeu foi Ariana Grande como Glinda. Cantores que migram para o cinema nem sempre tem o melhor histórico de atuações. Quanto a parte musical, isso eu já esperava que ela mandaria bem, mas Ariana realmente chamou minha atenção pela sua entrega enquanto atriz.
Erivo e Grande tem uma excelente química em tela, rendendo uma dupla de protagonistas extremamente carismática, algo importantíssimo, já que o coração desta história está na construção da amizade de ambas. O que começa como uma rivalidade entre colegas de quarto, Elphaba sendo uma garota mais introvertida, intelectual e solitária e Glinda sendo o estereótipo da garota loira, rica, popular e vaidosa, vai se transformando em uma amizade forte e verdadeira.
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Isto é totalmente mérito do roteiro e na forma como ele não se apressa em trabalhar este desenvolvimento. Em nenhum momento você sente que a relação é forçada ou apressada, e quando de fato acontece esta virada de chave, de rivalidade para amizade, é um momento bastante sincero e tocante do filme.
No entanto, o longa só consegue estabelecer e desenvolver tão bem os personagens e suas relações devido a um ponto que pode ser para muitos seu único aspecto negativo. Wicked se trata da Parte 1 de uma grande história, ou seja, a história de fato não finaliza neste filme.
Como fã de filmes como Duna (2021) e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (2023), filmes que também não têm final por serem Parte 1 de uma história, este é um aspecto que não me incomoda particularmente, já que se trata de uma escolha criativa dos idealizadores do filme e porque fui com a mentalidade e expectativa certas. Novamente, não é algo que me incomoda, e com o terreno preparado, a Parte 2 tem tudo para entregar um final emocionante. Apesar disso, sei que existem pessoas que se incomodam com a questão, então acho importante pontuar.
Em resumo, Wicked é um verdadeiro espetáculo em forma de filme. Com excelentes cenas musicais, um ótimo valor de produção e uma dupla de protagonistas muito carismática, este é um longa que te deixará com um sorriso do começo ao fim. Fico feliz de ver um filme musical como este ser um enorme sucesso de crítica, público e de bilheteria. Não irei cometer o mesmo erro com a Wicked: Parte 2, um filme que estarei na sala de cinema para assistir quando lançar em 20 de novembro deste ano.
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