Thunderbolts: Uma jornada em busca de propósito e redenção

Eu não estava nem um pouco animado para o lançamento de Thunderbolts. Desde que o projeto foi oficialmente anunciado, admito que me faltavam motivos para ficar empolgado — seja pela escolha de personagens que, além de todos serem muito similares em termos de habilidades, não estão entre os mais interessantes; pelo desgaste nas produções da Marvel Studios; ou pelas primeiras prévias, que mais pareciam de um filme lançado diretamente para streaming.

Entretanto, com a estreia do filme se aproximando, cada vez mais notícias positivas envolvendo Thunderbolts começaram a circular — como relatos sobre os bastidores da produção e reações favoráveis por parte dos fãs que assistiram a sessões antecipadas — o que, por si só, já é uma demonstração de que um estúdio realmente confia em determinado projeto. Se a Marvel parecia estar se esforçando para entregar um bom filme, nada mais justo do que eu também me esforçar e ir de mente aberta para assisti-lo, não é mesmo? Após ver o longa, posso dizer que, apesar de alguns percalços ao longo do caminho, Thunderbolts entrega uma aventura divertida que agradará aos fãs da Marvel.

Yelena (Florence Pugh), Guardião Vermelho (David Harbour), John Walker (Wyatt Russell) e Fantasma (Hannah John-Kamen) enfrentam dificuldades para encontrar um propósito em suas vidas após erros do passado. Porém, quando todos acabam envolvidos em uma conspiração, os personagens precisam unir forças — ainda que de forma relutante — se quiserem enfrentar uma ameaça perigosa.

Reprodução Marvel

Como mencionei anteriormente, a escolha dos integrantes para a equipe é um tanto desinteressante à primeira vista, principalmente quando consideramos que, basicamente, os seis membros são super-soldados e/ou espiões que lutam e utilizam armas — o que contrasta com a variedade de personagens que já integraram os Thunderbolts nos quadrinhos. Apesar disso, o filme consegue articular uma boa dinâmica entre o grupo, graças à química entre o elenco e aos diálogos cômicos bem escritos, que rendem momentos divertidos nas interações entre os personagens.

Florence Pugh é o maior destaque de Thunderbolts, entregando uma ótima atuação como Yelena. A atriz consegue retratar bem a personalidade despojada da espiã, bem como o sentimento de vazio e falta de propósito que a aflige. David Harbour continua muito divertido como Guardião Vermelho, proporcionando boas risadas ao longo do filme, além de convencer na relação problemática de pai e filha com Yelena. Lewis Pullman, como o estreante Bob, também entrega um bom desempenho, especialmente nas partes mais dramáticas e emocionantes do longa.

Se parte do elenco é muito bem aproveitada ao longo do filme, o mesmo não pode ser dito de outros personagens, que são bastante subaproveitados. Walker e Fantasma protagonizam alguns diálogos engraçados e sequências de ação interessantes, mas o pior exemplo disso é o Soldado Invernal, completamente escanteado na trama. É difícil não perceber que Sebastian Stan parece sem vontade de retornar ao papel. E quanto menos eu falar sobre a personagem Treinadora, melhor: ela é tão irrelevante que tem, literalmente, uma única linha de diálogo — o que me faz questionar qual foi o propósito de sua inclusão no filme.

Quanto à história, fico feliz em ver que Thunderbolts é uma aventura mais “pé no chão”, autocontida e que não se preocupa em explorar o multiverso, mas sim em mostrar a jornada de desenvolvimento dos personagens, em uma trama que aborda temas como redenção, propósito, depressão e a importância de criarmos laços com outras pessoas — aspectos que o roteiro consegue articular bem.

Reprodução Marvel

Um dos pontos mais comentados sobre os bastidores de Thunderbolts é o uso predominante de efeitos práticos e dublês nas cenas de ação, algo cada vez mais raro nos filmes da Marvel. De fato, saber que são pessoas reais performando nas sequências de luta — ou que Florence Pugh realmente saltou do segundo prédio mais alto do mundo — torna essas cenas muito mais palpáveis e interessantes de assistir. Entretanto, apesar de boas, não há nenhuma cena que vá “explodir sua cabeça” de tão impressionante.

Em relação aos efeitos especiais, eles estão bem integrados às cenas, sem causar a quebra de imersão provocada por efeitos inacabados, como em outras produções recentes. Gostaria de destacar os efeitos visuais do vilão Vácuo e como seus poderes de sombra e escuridão são retratados na tela. Um ponto que acabou me incomodando no filme foi o seu ritmo. Apesar de ter cerca de duas horas de duração, a sensação é a de que se trata de um filme muito mais longo, que acaba se arrastando em diversos momentos.

Afinal de contas, Thunderbolts é o filme que salvará a Marvel nos cinemas? Não, definitivamente não. Após a quantidade de erros recentes do estúdio, Marvel e Disney ainda têm muito a provar se quiserem restabelecer a reputação que tinham no auge. Mas Thunderbolts é um passo na direção certa, ao entregar uma boa história, com personagens carismáticos, uma dinâmica de grupo divertida e boas cenas de ação, em um longa que certamente irá entreter os fãs da editora.

Assista ao trailer:

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