The Last of Us Temporada 2 – Episódio 5: Entre inconsistências e frustrações

A segunda temporada de The Last of Us já se encontra em sua reta final. Com apenas mais dois episódios restantes, nós, enquanto público, começamos a refletir sobre como tem sido acompanhar esta jornada ao longo das semanas. Se eu tivesse que definir esta temporada em uma única palavra, seria “inconsistência”. A quantidade de inconsistências que a série apresenta enquanto assisto aos episódios não só me desconecta da experiência como também a torna bastante insatisfatória e frustrante. O quinto episódio desta temporada, inclusive, funciona como um microcosmo dos problemas que tenho com ela.

Sinta o Amor Dela começa exatamente de onde o episódio anterior terminou, com Ellie e Dina continuando a busca por Abby e seu grupo em Seattle. Já começo esta crítica tirando o elefante da sala e comentando minha maior frustração em relação à temporada: Ellie. The Last of Us: Parte II (2020) é uma história que trata de como a vingança e o ódio cego podem nos consumir, mostrando o quanto Ellie se deteriora em sua busca por vingança.

Seja você alguém que já jogou os jogos ou esteja conhecendo a história pela série, em nenhum momento é possível sentir essa raiva ou sede de vingança na personagem. Na verdade, a impressão que se tem é a de estarmos assistindo a uma série de aventura sobre duas jovens se apaixonando em uma jornada pelo pós-apocalipse.

Isso não é, de forma alguma, um ataque pessoal à atriz Bella Ramsey, que tem enfrentado uma intensa campanha de ódio e bullying nas redes sociais. As críticas feitas neste texto referem-se exclusivamente ao trabalho artístico. E, nesse aspecto, acredito que tanto a atuação de Ramsey quanto o roteiro falham em transmitir o peso emocional necessário. A Ellie da série parece mais uma adolescente que não leva nada a sério, fazendo piadas o tempo todo, mesmo diante de tudo o que aconteceu.

Reprodução: Max

Se nem a personagem parece se importar ou se preocupar com o perigo ao seu redor, por que eu, como espectador, deveria me importar? São essas inconsistências de tom e desconexões com a narrativa que tornam a experiência de acompanhar a série insatisfatória.

A situação se agrava quando comparamos Ellie com a Dina de Isabela Merced, que demonstra muito mais atitude — seja ao rastrear a WLF ou ao bolar estratégias para evitar inimigos —, chegando ao ponto vergonhoso de precisar lembrar a própria Ellie do motivo pelo qual estão nessa jornada. Méritos para a atriz: Merced consegue entregar uma personagem com grande alcance emocional, como evidenciado na cena de seu monólogo. No entanto, quando um personagem secundário tem mais presença em tela do que a protagonista, algo claramente está errado.

Apesar de ter ressalvas quanto a certas escolhas da equipe criativa, não posso afirmar que a série, como um todo, tem sido uma experiência ruim. Mais uma vez, é preciso destacar o excelente trabalho de design de produção, que continua impecável, além do fato de que esta temporada enfatiza com mais eficácia os infectados como uma ameaça — elemento essencial dos jogos que havia sido bastante apagado na primeira temporada.

Reprodução: Max

Voltando ao que mencionei na introdução, a série está em sua reta final. Preciso admitir que não estou otimista, não apenas pelas frustrações acumuladas, mas também pelo pressentimento de que esta temporada sofrerá do mesmo mal da anterior: uma conclusão apressada nos dois episódios finais.

De forma geral, a segunda temporada tem sido mediana, morna. Apresenta aspectos muito bons, como a produção, cenas bem dirigidas e, no geral, um elenco competente. No entanto, a experiência como um todo não sacia o espectador — como um prato que, ao ser finalizado, não deixa a sensação de satisfação. Você quer comer mais, não porque o sabor te agradou, mas porque ainda está com fome, sentindo que algo faltou.

Foto de Capa: Max

 

 

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