Teatro Lambe-Lambe: miniaturas que contam grandes histórias

Festival de Curitiba 2024 recebe artistas lambe-lambe

A arte se manifesta de diversas formas. Entre as mais conhecidas e celebradas está o teatro, que por sua vez abriga múltiplas vertentes. Uma delas, marcada pela singularidade e intimismo, é o Teatro Lambe-lambe.

Essa modalidade utiliza pequenas caixas, inspiradas nas antigas câmeras fotográficas, como palcos para narrativas que duram de dois a cinco minutos. As apresentações, realizadas para um espectador por vez, não seguem uma temática fixa. Combinam manipulação direta e técnicas de sombra, forma e expressão, criando experiências sensoriais únicas. Por seu formato compacto, baixo custo e facilidade de transporte, o Teatro Lambe-lambe tornou-se uma alternativa acessível para levar arte a regiões periféricas e comunidades com pouco acesso a produções culturais.

O nome remete aos fotógrafos de rua do século XX, que utilizavam câmeras em forma de caixa. Para revelar a imagem, era preciso lamber o negativo — daí o apelido “lambe-lambe”. Os artistas do teatro adaptaram o termo para batizar as cenas encenadas dentro das caixas. A primeira apresentação registrada no Brasil foi *A Dança do Parto*.

A Dança do Parto (interior da caixa)

“Teatro Lambe-lambe é uma metáfora, um espaço cênico miúdo que se agiganta quando a função acontece. É a poesia que domina o coração e os sentidos do espectador, dando-lhe o êxtase e o prazer da unicidade e do apoderamento. É a força da energia do Animador que transforma e brinca com o vir a ser. É o tempo minimizado pela síntese da dramaturgia”, define Denise dos Santos, criadora do Teatro Lambe-lambe, em uma publicação nas redes sociais.

Com sua proposta sensível e acessível, o Teatro Lambe-lambe reafirma o poder transformador da arte. Ao romper barreiras geográficas, sociais e econômicas, essa forma teatral ressignifica a experiência do espetáculo e amplia o alcance da cultura. Em um país marcado por desigualdades no acesso à arte, iniciativas como essa mostram que a emoção do teatro pode, sim, caber dentro de uma caixa.

Denise di Santos na 2ª Bienal de Teatro Lambe-Lambe Paranaguá (PR)

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