Sexta-feira 13: A franquia de terror slasher que fez sucesso mundial

Desde sua estreia em 1980, Sexta‑feira 13 tornou-se uma das franquias de terror mais rentáveis e duradouras do cinema, gerando 12 longas‑metragens, séries, quadrinhos, jogos e um vasto merchandising. Idealizado pelo cineasta Sean S. Cunningham, o primeiro filme foi lançado em 9 de maio de 1980 com orçamento de apenas US$ 550 mil e arrecadação de cerca de US$ 39 milhões 

Sean Cunningham, inspirado pelo êxito de Halloween (1978), queria criar um filme de terror que fosse intenso e surpreendente ao mesmo tempo. Inicialmente, o projeto tinha o título A Long Night at Camp Blood, mas o diretor apostou no nome Friday the 13th, temendo que outra produção o registrasse primeiro . Ele até contratou uma agência para desenvolver o logo com letras explodindo um vidro, consolidando a identidade visual da franquia.

O título evoca a superstição dos infortúnios associados à sexta‑feira 13, reforçada por lendas como a suposta morte dos Templários ou a simbologia bíblica da Última Ceia . A ambientação em Camp Crystal Lake, na Nova Jérsei, reforça o clima de isolamento e vulnerabilidade dos jovens conselheiros que reabrem o acampamento.

Na trama original, o assassino é a mãe de Jason Voorhees, Pamela, em busca de vingança pela suposta negligência que levou à morte do filho . O icônico Jason Voorhees surge apenas no desfecho como uma figura encoberta, configurada como vítima e não como vilão inicialmente 

A partir de Friday the 13th Part II (1981), Jason assume o papel principal. Ele é retratado usando um saco de estopa com um furo em um olho, antes de adotar a clássica máscara de hóquei em Parte III (1982), na sugestão feliz durante ensaios com um artefato emprestado por um cenógrafo, e imediatamente se tornou um símbolo do gênero horror.

O nome “Jason Voorhees” tem origem curiosa: foi criado pelo roteirista Victor Miller a partir dos nomes dos filhos (“Josh” + “Ian”) e do sobrenome de uma colega de escola, considerado “assustador”. A concepção física do personagem evoluiu gradualmente; Miller o escreveu inicialmente como uma criança normal, mas os efeitos de Ron Kurz e Tom Savini deram-lhe feições deformadas e um salto aterrorizante saindo do lago no final.

Nos anos seguintes, a franquia explorou a mitologia de Jason, transformando‑o em uma figura sobrenatural e quase imortal desde Jason Lives (1986), onde é ressuscitado como zumbi; enfrentando adversários telecinéticos em The New Blood (1988); desafiando Freddy Krueger em Freddy vs. Jason (2003); e até sendo levado ao espaço em Jason X (2001).

Nos bastidores, a franquia também passou por disputas de direitos. No fim dos anos 1980, os direitos domésticos eram da Paramount, enquanto os internacionais ficaram com a New Line Cinema. A divisão dos direitos foi até utilizada em trocas pelo estúdio, inclusive envolvendo produções como Interstellar .

Atualmente, a saga ganha nova expansão com a série prequela Crystal Lake, estrelada por Linda Cardellini como Pamela Voorhees, sob produção da Peacock e A24, com estreia prevista para Halloween de 2025. Este novo projeto antecipa a origem da mãe vingativa antes dos eventos do acampamento original.

Em resumo, a franquia Sexta‑feira 13 é um estudo sobre como uma ideia simples, um título eficaz, ambientação isolada e uma vingança motivada por tragédia tornou-se um fenômeno cultural. Com evolução estética, personagens marcantes e instabilidade nos direitos, o mito de Jason Voorhees permanece vivo e adaptável, mantendo-se relevante 45 anos depois de sua concepção.

O impacto cultural de Sexta-feira 13 ultrapassou os limites do cinema, tornando Jason Voorhees um dos maiores ícones do horror ao lado de Freddy Krueger, Michael Myers e Chucky. Sua imagem com a máscara de hóquei tornou-se onipresente em fantasias, paródias, camisetas e memes, sendo até estudada em cursos de cinema e cultura pop. A franquia influenciou gerações de cineastas e consolidou fórmulas narrativas do slasher, como o isolamento dos personagens, a punição de comportamentos “imorais” e o uso da trilha sonora como elemento de tensão. O bordão sonoro “ki ki ki ma ma ma”, criado por Harry Manfredini, é imediatamente reconhecível por fãs do gênero e tornou-se símbolo do suspense no imaginário popular.

Ao longo dos anos, o roteiro dos filmes passou por transformações radicais, refletindo tendências de mercado e mudanças no público. Se no início a história se concentrava em uma vingança familiar simples e sangrenta, a partir da Parte VI Jason tornou-se um monstro ressuscitado, abrindo espaço para o sobrenatural. Em filmes posteriores, como Jason Goes to Hell e Jason X, o tom ficou mais experimental e até cômico, com elementos de ficção científica e possessão demoníaca. A reinvenção mais recente, o reboot de 2009, buscou combinar elementos dos três primeiros filmes em uma narrativa condensada, mais dinâmica e violenta, mostrando que mesmo após décadas, a lenda de Crystal Lake continua sendo atualizada para assustar e entreter  novas audiências.

Foto de Capa: Reprodução

About The Author