Na noite de 2 de setembro de 2018, um incêndio de grandes proporções atingiu a sede do Museu Nacional, localizada na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, destruindo quase todo o seu acervo histórico e científico, construído ao longo de 200 anos. O prédio, que já servira como residência oficial dos imperadores do Brasil, sofreu graves danos, incluindo rachaduras, desabamento parcial da cobertura e queda de lajes internas.
Uma fiscalização realizada em 2014 pelo Ministério da Transparência e pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que o museu não possuía um laudo atualizado do Corpo de Bombeiros, documento essencial para garantir a segurança do local. Apesar das recomendações, apenas uma parceria foi firmada para realizar uma vistoria técnica. Já em 2004, o governo do Rio de Janeiro havia alertado sobre o risco de incêndio devido às instalações elétricas precárias.
Com um orçamento estimado em R$ 517 milhões, a reforma do Museu Nacional deve ser concluída até 2027, financiada por empresas públicas e privadas por meio do projeto Museu Nacional Vive — uma parceria entre a UFRJ, a UNESCO e o Instituto Cultural Vale.
Recentemente, o museu reabriu parcialmente, com uma exposição temporária que inclui peças recuperadas, como o meteorito Bendegó — resistente ao fogo — e um novo esqueleto de cachalote, exibido sob a claraboia do prédio.
Administrado pela UFRJ, o Museu Nacional era um dos mais importantes centros de pesquisa em história natural e antropologia da América Latina. O incêndio destruiu não apenas 20 milhões de itens catalogados, mas também décadas de trabalho de cerca de 90 pesquisadores vinculados à instituição.
O futuro em construção
A reabertura parcial em 2024 marcou o início de um novo capítulo, mas a recuperação total só está prevista para 2027. O caminho a seguir exige:
- Investimento contínuo em preservação e modernização das instalações;
- Digitalização dos acervos remanescentes;
- Políticas públicas eficazes para a proteção do patrimônio cultural.
Fundado por Dom João VI em 1818, o museu abrigava tesouros únicos, como:
- Luzia, o fóssil humano mais antigo das Américas;
- A maior coleção de artefatos egípcios da América Latina;
- Documentos originais do período imperial;
- Registros completos de línguas indígenas extintas.
Reprodução: Agência Brasil
Foto de capa: Agência Brasil