Jurassic Park é uma franquia complicada. Apesar de eu amar de paixão o primeiro filme e considerá-lo um clássico atemporal, suas sequências falham, e muito, em capturar a mesma magia da obra original. Mesmo com as críticas negativas dos filmes de Jurassic World, os três longas ultrapassaram a marca de US$ 1 bilhão nas bilheterias; portanto, um quarto filme entrou em produção. Ao sair da sessão de Jurassic World: Recomeço, fica evidente o quão criativamente desgastada e completamente sem rumo a franquia Jurassic Park realmente está, o que nos leva a pensar que, assim como os dinossauros, talvez seja hora de a saga ser extinta.
Alguns anos após Jurassic World: Domínio (2022), em Recomeço a grande maioria dos dinossauros na Terra está morrendo devido a condições ambientais precárias, com os últimos remanescentes refugiando-se em isoladas ilhas tropicais equatorianas. Zora Bennet (Scarlett Johansson) é uma mercenária contratada para rastrear três das maiores espécies sobreviventes e recolher amostras sanguíneas, já que elas podem conter a chave para a criação de remédios milagrosos.
Elaborando o ponto apresentado na introdução, Recomeço esbanja a sensação de “bagaço de fruto”. Sabe quando alguém faz suco de laranja, mas já acabou todo o líquido da fruta, e a pessoa continua espremendo o bagaço? É exatamente isso que este filme parece ser.
Este é um filme um tanto obtuso, e nem do tipo divertido. Se ao ler a sinopse você já a achou bastante boba, espere até descobrir que a causa de toda a história é uma mísera embalagem de barra de chocolate. Quem diria que o plástico de baixa qualidade de uma embalagem seria o bastante para comprometer completamente o sistema de segurança de uma empresa genética multibilionária e libertar todos os dinossauros?
Os personagens são rasos como um pires e muito mal desenvolvidos, a ponto de ser mais preciso chamá-los de arquétipos de uma lista a ser preenchida pelo roteiro do que de personagens de verdade. Nem mesmo o carisma de ótimos atores como Scarlett Johansson e Mahershala Ali consegue salvar um roteiro tão fraco.
Quanto menos eu falar sobre o núcleo da família, que acaba se envolvendo com o grupo principal, melhor. Eles em nada agregam à trama, servindo apenas para arrastar a história e me fazer suspirar de desgosto toda vez que apareciam em cena. Se o filme me faz desejar que os dinossauros devorem essa família, de tão insuportáveis que são, algo claramente não intencional pelo roteiro, significa que ele fez algo muito errado.
Jurassic Park, tanto o livro de Michael Crichton quanto o filme de Steven Spielberg, são obras que, além do elemento fantástico de um parque com dinossauros reais, contêm um forte subtexto sobre os perigos da manipulação genética e do ser humano brincar de Deus. Entretanto, as subsequentes continuações da franquia ficam muito aquém do original, sem ter muito a dizer ou fazer o espectador pensar além de “dinossauro legal”.
E nem como longa despretensioso de aventura o filme funciona. Jurassic World: Recomeço talvez tenha as sequências mais desinteressantes de toda a franquia. Em nenhum momento você sente empolgação com as cenas de ação ou medo nas sequências que deveriam ser de suspense. E veja bem: quanto aos aspectos técnicos, o longa é muito bem acabado, principalmente nos efeitos especiais dos dinossauros e nas texturas dos répteis gigantes. Entretanto, de nada adianta as cenas serem visualmente bonitas se não me fazem sentir nada.
Assistir a este filme é reto e monótono.
ASSISTA AO TRAILER:

