Gabriela Carneiro da Cunha, Davi Kopenawa e Eryk Rocha – crédito: Soraya Ursine
O documentário brasileiro “A Queda do Céu” continua conquistando a crítica e o público ao redor do mundo. Recentemente, a produção recebeu o Grande Prêmio do Júri na Competição Kaleidoscope do DOC NYC, o maior festival de documentários dos Estados Unidos. Com essa nova vitória, o filme amplia sua participação em festivais. Em 5 de dezembro, será exibido no Festival de Brasília, e, posteriormente, em eventos internacionais no Chile, na Grécia (13th Athens Avant-Garde Film Festival), em Cuba e na Índia. Em 2025, está programado para estrear nos cinemas brasileiros, além de lançamentos nos Estados Unidos e na França.
O documentário aborda o esforço coletivo da comunidade Watorikɨ e do xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa para realizar um ritual e já foi exibido em mais de 60 festivais, em 24 países. Entre as premiações, destacam-se reconhecimentos no México, Coreia do Sul, Brasil, Portugal e Itália. “A Queda do Céu” também foi aclamado pela imprensa internacional e fez sua estreia no Brasil durante o Festival do Rio, onde venceu os prêmios Redentor de Melhor Direção de Documentário e Melhor Som, este último assinado por Marcos Lopes, Guile Martins e Toco Cerqueira. Em outubro, integrou a programação da Mostra de São Paulo, do festival parisiense Le Mois du Doc, o maior evento de cinema documental da França, e do Ji.hlava IDFF, principal festival do gênero no mundo.
A trajetória de festivais do filme começou em Cannes e inclui prêmios como Melhor Documentário em Guanajuato, no México, e o Prêmio Especial do Júri no DMZ Docs, na Coreia do Sul, um dos maiores eventos asiáticos de cinema. Produzido pela Aruac Filmes, “A Queda do Céu” é uma coprodução entre Brasil e Itália, envolvendo a Hutukara Associação Yanomami, Stemal Entertainment e Rai Cinema, com produção associada da francesa Les Films d’Ici.
O roteiro, assinado pelos diretores, baseia-se no livro homônimo escrito por Davi Kopenawa e pelo antropólogo francês Bruce Albert. A narrativa aborda o ritual funerário Reahu, a mais importante cerimônia Yanomami, que reúne parentes para apagar os rastros dos falecidos e ajudá-los a alcançar o esquecimento. Inspirado em três eixos do livro — Convite, Diagnóstico e Alerta —, o documentário explora a cosmologia Yanomami, o universo dos espíritos xapiri, o papel dos xamãs na sustentação do céu, os impactos do garimpo ilegal e as consequências da exploração pelos não-indígenas.
O diretor Eryk Rocha explica que o filme busca revelar a relação entre os Yanomami e os napë (não-indígenas). “Queremos mostrar a cultura Yanomami como viva, contemporânea e florescente, mas também provocar os napë a se enxergarem sob uma perspectiva xamânica e contracolonial.” A diretora Gabriela Carneiro da Cunha complementa: “O longa é fruto do impacto que tivemos ao ler o livro, mas também da vivência compartilhada com Davi, a comunidade Watorikɨ e os Yanomami ao longo de sete anos. É um filme que não apenas observa os Yanomami, mas também nos coloca como objeto de reflexão. Buscamos traduzir a materialidade onírica dessa relação”, conclui.