Festival literário TRAMA estreia em Curitiba com foco na diversidade de vozes e gêneros literários

Nos dias 17 e 18 deste mês, Curitiba sedia a primeira edição do Festival Literário TRAMA, iniciativa independente criada por autoras, autores e editoras da capital e da região metropolitana. Mais do que um evento literário, o TRAMA nasce como um espaço de escuta ativa e visibilidade para obras, vozes e formatos que muitas vezes ficam fora do circuito editorial tradicional.

Com uma programação marcada pela diversidade de temas e perspectivas, o festival promove mesas de debate sobre distopias com ambientações brasileiras, literatura homoerótica, fantasia produzida em Curitiba e novas formas de publicação por meio do financiamento coletivo.

Na mesa “E se o futuro distópico fosse em Osasco?”, autores como Lucas Mota, vencedor do Prêmio Jabuti 2022, e Stephanie Caroline, vencedora do Prêmio Ecos da Literatura 2024, incentivam reflexões sobre futuros possíveis a partir das experiências periféricas brasileiras.

“Esse tipo de literatura cumpre um papel importante na formação de novos leitores, mas também é fundamental para mostrar que o Brasil tem, sim, muito a dizer sobre fantasia e ficção científica”, afirma Mota. “As pessoas reagem com deslumbramento quando descobrem as histórias incríveis que estão sendo criadas por aqui.” O mediador da mesa, Rodrigo De Lorenzi, ressalta: “Distopias servem para refletir sobre a sociedade atual ao exagerar situações reais. Num Brasil cada vez mais estranho e polarizado, esse tipo de literatura pode ser uma ferramenta poderosa de debate e crítica social.”

A cena curitibana também ganha espaço com o painel “Araucárias, magias e dragões: o imaginário fantástico em mãos curitibanas”, que propõe um mergulho no cruzamento entre mitologia local, espaços urbanos e invenção. Para o autor Fábio Marcolin, “a fantasia feita em Curitiba carrega neblinas, assombrações, bairros e personagens que caminham entre o urbano e o mítico. É uma forma de resistência e de expressão profunda das nossas vivências locais”.

A discussão sobre afetos e identidades aparece no painel “O homoerotismo como subversão na literatura”, que reúne escritores LGBTQIA+ para debater o poder político e emocional da literatura homoerótica. “É preciso romper com a ideia de que nossos corpos só cabem no campo do tabu ou da pornografia. A literatura homoerótica é uma afirmação da nossa existência afetiva e sensível no mundo”, afirma Vanessa Porto. Arthur Cury complementa: “Essa escrita pode ser um portal de descoberta e pertencimento para quem cresce sem referências.”

Encerrando a programação, o debate “Crowdfunding é o novo clube do livro?” analisa os impactos das novas formas de financiar e distribuir obras literárias. Participam da conversa Lua Bueno (Laboralivros), Rodrigo De Lorenzi e o criador de conteúdo Rafael Maidl, conhecido como Rafa do Mika. “Estamos navegando um novo mar de possibilidades na economia criativa. O financiamento coletivo pode ser uma alternativa sustentável para quem escreve e publica”, destaca De Lorenzi.

Com entrada gratuita e atividades espalhadas por espaços culturais da cidade, o Festival TRAMA convida o público a vivenciar a literatura em suas múltiplas formas. “Curitiba merece um festival inédito que valorize leitoras e leitores em que o palco seja a literatura em sua pluralidade e diversidade”, afirma Cristian Abreu de Quevedo, um dos organizadores.

Programação completa

Sábado – 17 de maio

10h – Oficina literária Transtexto: atravessando fronteiras literárias – com Dan Porto
11h10 – Painel: Crowdfunding é o novo clube do livro? – com Lua Bueno Cyríaco, Rodrigo De Lorenzi, Rafael Maidl

13h – Mesa redonda: E se o futuro distópico fosse em Osasco? – com Lucas Mota e Stephanie Caroline (Mediação: Rodrigo De Lorenzi)
14h10 – Sessão de autógrafos do Coletivo Marianas
15h20 – Palestra: Fábrica do Livro – apresentação da patrocinadora
16h30 – Mesa redonda: Entre linhas e desejos – o homoerotismo como subversão na literatura – com Arthur Cury e Vanessa Porto (Mediação: Cristian Abreu de Quevedo)
17h40 – Painel: Araucárias, magias e dragões – o imaginário fantástico em mãos curitibanas – com Fábio Marcolino e Fúlvio Pacheco (Mediação: Cristian Abreu de Quevedo)
18h50 – Mesa redonda: Etarismo na literatura – representações e desafios – com Luci Collin, Maria Lorenci e Eva Coller (Mediação: Francine Cruz)

Domingo – 18 de maio

11h30 – Oficina de ilustração “Desenha que passa” – com Gerson Cordeiro (Editora Insight)
13h – Lançamento “Entre o corpo e a caneta”, de Melissa Reinehr – livro-diário interativo para mulheres que decidiram fazer da sua própria história um lugar de cura e de potência.
13h30 – Palestra: Fábrica do Livro 2 – apresentação da patrocinadora
14h40 – Painel: Literatura indígena – vozes, memória e resistência – com Olívio Jekupé, Jovina Renhga, Ceia Bernardo Kavenhkág
15h50 – Painel: Quilombo, periferia e centro – vozes pretas em movimento – com Jô Macario, Nará Souza, Célio Jamaica, Aline Reis
17h00 – Mesa redonda: Literatura transgênero – vozes, representatividade e resistência – com Maria Vitória Rosa, Amanda Leal, Sam Gomes, Mercuria, be rgb, Rivka

SERVIÇO

Trama – Festival Literário das Editoras Independentes de Curitiba e Região
Alfaiataria Espaço de Arte – Rua Riachuelo, 274, Centro, Curitiba
Dias 17 e 18 de maio. Sábado: das 10h às 20h | Domingo: das 11h às 18h
Entrada gratuita

Via Assessoria de Imprensa

About The Author