Distopia e identidade: HQ ‘Achados & Perdidos’ transforma São Paulo em um labirinto de solidão e pertencimento

O premiado roteirista Mario Oshiro faz sua estreia nos quadrinhos com “Achados & Perdidos”, lançado pela Skript Editora. Fugindo dos roteiros audiovisuais que marcaram sua carreira, Oshiro aposta em uma narrativa distópica ambientada na capital paulista, trazendo uma reflexão sobre identidade, solidão e o impacto do mundo urbano na construção do eu. Com arte de Dominic Amaral, a HQ foi viabilizada pelo ProAC/SP e apresenta um universo onde pessoas são tratadas como objetos esquecidos.

A trama segue Kenzo, um jovem encontrado sem memória no metrô de São Paulo e encaminhado para um setor de “Achados e Perdidos”, onde humanos são catalogados como itens abandonados. Ali, ele recebe a identificação “B124” e descobre a existência da misteriosa Síndrome dos Achados e Perdidos (SAP), que o leva a questionar não apenas onde está, mas também quem realmente é. No caminho, ele se aproxima de Pedro, um espírito rebelde e divertido que o ajuda a navegar pelo sistema frio e impessoal. Conforme a amizade entre os dois se aprofunda, nasce um romance que desafia a lógica imposta pelo mundo ao redor.

A cidade como personagem e a força da representação

A ilustração de Dominic Amaral transforma São Paulo em uma presença viva na narrativa. A artista, inspirada em pessoas reais, explora expressões faciais detalhadas para traduzir as emoções dos personagens e destacar a sensação de isolamento em meio ao caos urbano.

O quadrinho se destaca pela diversidade, trazendo protagonistas LGBTQIAP+ e representatividade asiática, além de abordar questões ligadas à saúde mental. Para Oshiro, que é gay e descendente de japoneses, a história reflete questionamentos sobre pertencer a um espaço que constantemente impõe padrões e expectativas. “São temas universais, que dialogam com qualquer um que já se sentiu deslocado ou perdido em algum momento da vida”, comenta.

Amaral reforça a discussão ao afirmar que vivemos em uma sociedade que nos empurra para padrões de consumo, corpo e relacionamento. “A história de Kenzo e Pedro é um lembrete de que, por mais que tentem nos encaixar, somos indivíduos únicos, descobrindo nosso próprio caminho.”

Da tela para as páginas: a trajetória dos autores

Com uma carreira consolidada no audiovisual, Mario Oshiro trouxe para “Achados & Perdidos” a dinâmica cinematográfica de suas produções. Inicialmente concebida como um roteiro de cinema, a história encontrou nos quadrinhos o espaço ideal para ganhar forma. Entre suas influências, Oshiro cita “Heartstopper”, “Fleabag”, “Looking” e os filmes “Medianeras” e “Encontros e Desencontros”.

Dominic Amaral, por sua vez, trilhou um caminho que passa pelo design e pelas artes visuais. Formada pela UFMG, com experiência em ilustração e diagramação de livros, ela contribuiu para diversas publicações, incluindo a Revista Recreio. Suas influências incluem artistas como Kii Kanna (“Estranho à Beira-Mar”), Leonardo Romero (Marvel) e Vitor Cafaggi (“Turma da Mônica Laços”).

Para Oshiro, “Achados & Perdidos” é mais do que uma história sobre um protagonista LGBTQIAP+ e asiático: é uma narrativa sobre a humanidade, sobre a experiência universal da solidão e do recomeço. “Se perder pode ser doloroso, mas também é essencial para se reencontrar”, conclui o autor.

Onde adquirir

“Achados & Perdidos” está disponível para compra no site da Editora Skript (bibliotecafantastica.com.br) e na Amazon (https://bit.ly/3WxtfgO).

(Com informações e imagens da Assessoria de Imprensa)

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