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Curitiba, Festivais, Festival de Curitiba, Opinião, Teatro

Ancestralidade e o sagrado indígena em AZIRA’I

Jordana Carvalho - Crítica8 de abril de 2024

A atriz, cantora, dramaturga, diretora, artista plástica e ativista, Zahy Tentehar, trouxe à Curitiba (06/04), seu espetáculo solo AZIRA’I, apresentado no Teatro da Reitoria. Dirigido por Denise Stutz e Duda Rios, e escrito pela atriz indígena maranhense e o diretor pernambucano, o espetáculo narra a vida de Zahy e das profundas camadas na relação com sua mãe, a primeira pajé mulher da Aldeia Colônia, localizada na reserva indígena Cana Brava, no estado do Maranhão.

Já no início da peça, somos levados à um outro estado sensorial; a plateia lotada quase não respirava, acompanhando o caminhar lento da atriz que saía por detrás da cortina, falando o texto em sua língua materna, ze’eng eté. Segurando um facão em mãos, a primeira cena já nos remete à pensamentos diversos, mas todos atravessados pela figura exímia – quase divina, da artista indígena presente no palco.

Entre momentos de descontração, drama e ritos, Zahy desenha sua história de maneira fluída, mas não menos impactante. As quebras entre uma cena e outra evidencia a montanha russa de emoções que é a vida, principalmente a vida de quem sempre foi delegado a viver nas margens. Entre segundos, saímos do choro ao riso, e vice-versa, conforme somos conduzidos pela maestra em cena.

Zahy narra sua história desde seu nascimento e de como sua mãe, Azira’i, apesar da complexa relação com a filha, é fundamental para a formação de sua personalidade. E essa personalidade deve ser exaltada, afinal, a atriz carrega em todo seu corpo uma força inexplicável, a força da terra, da floresta, dos maíras que protegem seu canto, a força que vem de sua mãe, de suas avós, de todo seu povo – sua ancestralidade.

Além disso, Zahy nos conquista com seu carisma afiado, e em todo momento a atriz está ali, onipresente, interagindo com os espectadores, ensinando-nos frases em ze’eng eté como uma professora cuidadosa e paciente.

O povo Tentehar possui uma ligação profunda à espiritualidade. Os maíras são os espíritos ancestrais que os guiam e os protegem. O canto e a dança são essenciais para celebrar e curar, e Zahy nos deu a oportunidade de vivenciar esses momentos na peça. Não apenas uma vez, a atriz conecta-se com o espiritual em diversas cenas, convidando-nos a participar juntos da celebração ritualística. Não tem como fugir – os mais descrentes sentem a energia espiritual que emana da voz potente de seu canto, do transe que as batidas de seus pés e do maracá evocam. Porque, afinal, arte e espiritualidade não são nem estão separados.

Mas Zahy não deixa de mostrar também a sua realidade na cidade. Como a própria artista disse em entrevistas, o objetivo da peça não é romantizar a vivência indígena, mas sim mostrar a sua realidade, a sua história, o que atravessou e moldou o caminho da artista, dentro e fora da aldeia, dentro e fora da cidade.

Cidade.

Curitiba tem se aproximado e tentado resgatar cada vez mais sua origem indígena. Ainda assim, infelizmente, esse processo é lento. Mas a arte é uma grande arma, e sim, isso é uma guerra.

Resistir é ato de guerra. Existir é ato de guerra.

Conhecer nossa história é um ato de guerra. Saber ouvir e ter a paciência de calar e aprender com quem sempre foi calado, também é ato de guerra. E nós não pedimos por ela, assim como os povos originários desse país não pediram para serem invadidos, roubados, silenciados.

O que fica de AZIRA’I é algo muito maior do que posso transpor em palavras.

Muitos são os sentimentos que correm em meu peito, mas nenhum deles é maior do que a gratidão por estar viva e poder ter vivido esse momento tão genuíno, essencial e transformador em minha, e em nossas,

vidas.

Há 5 meses atrás, Zahy Tentehar conversou com o escritor e líder indígena Ailton Krenak sobre AZIRA’I. Produzido pela SARAU – Agência de Cultura Brasileira, a conversa é uma sagração, está disponível no Youtube e precisa ser assistida por mais gente.

Ailton Krenak acaba de se tornar o primeiro indígena eternizado na Academia Brasileira de Letras.

Ocupar,

também é ato

de guerra.

FICHA TÉCNICA – Um solo de Zahy Tentehar; Dramaturgia: Zahy Tentehar e Duda Rios; Direção: Denise Stutz e Duda Rios; Direção de Arte e Design Gráfico: Batman Zavareze; Trilha Sonora Original: Elísio Freitas; Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni; Figurinos: Carol Lobato; Direção de Produção e Produção Artística: Andréa Alves e Leila Maria Moreno. Companhias: @sarauagencia e @aziraiespetaculo

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