Ameaça no Ar – Um desastre aéreo

Mel Gibson é sem sombra de dúvidas, um dos nomes mais relevantes de Hollywood. Seja em seus trabalhos de atuação em Coração Valente e na saga Mad Max, ou como diretor em Coração Valente, A Paixão de Cristo e Até o Último Homem, é inegável que Gibson tem um legado consagrado no cinema. Entretanto, até mesmo os mais renomados artistas são capazes de errar, e sua nova produção, Ameaça no Ar, é uma bomba.

Em Ameaça no Ar, nós acompanhamos a história de uma agente federal que deve escoltar um prisioneiro para que ele possa testemunhar contra uma família criminosa. O que deveria ser uma viagem simples se transforma em uma luta pela vida, quando é revelado que o piloto do avião era na verdade um assassino de aluguel e a única pessoa capaz de pousar o avião.

Lendo a sinopse do filme você pode estar pensando: “Mas Pedro, você acabou de entregar a história toda do filme.” Pois bem, saibam que o trailer oficial do filme conta tudo isso que eu acabei de narrar para você. E acredite quando eu falo, o trailer é mais intrigante de assistir do que o próprio filme.

Talvez aquele que seja o único trunfo do longa inteiro é sua premissa. Estar preso a 3 mil metros de altura em um espaço apertado com um psicopata disposto a te matar e que é o único capaz de pousar o veículo, de fato, soa como a receita para um filme bastante tenso e interessante de assistir. Mas de nada adianta a história ter ideias legais se o roteiro não sabe executá-las.

O roteiro deste filme é uma vergonha. Não só pela forma como ele é escrito, mas por esse ser o sentimento que o filme desperta enquanto você assiste. O personagem do prisioneiro, Winston, vivido pelo ator Topher Grace, praticamente todas as falas do personagem se resumem em tentativas de tiradas cômicas que acabam sendo extremamente vergonhosas e que chegam a despertar raiva de tão frequentes e sem graça que elas são.

O assassino, interpretado por Mark Wahlberg, se resume a um vilão extremamente caricato que só sabe fazer comentários cheios de conotações sexuais. Nem mesmo a Michelle Dockery como a protagonista consegue salvar, sendo um personagem bem padrão e genérica.

Sobre a tensão que o trailer nos vende, ela mal chega a ser construída no filme. Fora um momento pontual ou outro de confronto ou de impedir que o avião colida nas montanhas, esta é uma jornada que infelizmente acaba sendo bastante morna.

Existe uma cena lá pela metade do longa que foi a gota d’água para mim com este filme, onde eu simplesmente larguei qualquer pretensão de seriedade ou lógica do que eu estava assistindo de tão inacreditável que é. Para poder explicar melhor, terei que dar um leve spoiler, então se você não quiser saber, apenas pule o próximo parágrafo.

Em um certo momento do filme, a agente consegue entrar em contato pelo rádio com uma base militar e requisita a ajuda de um piloto para orientá-la sobre os comandos do avião. Entretanto, durante a explicação, o piloto começa flertar com a agente e a convida para jantar. Isso acontece simplesmente do nada. E pior, a agente começa a flertar de volta, sendo que eles sequer se conhecem. Eu me recuso a acreditar que o roteirista, o Mel Gibson e os atores olham para esse diálogo e pensaram “Está bom”. Que ser humano em sã consciência ia ficar dando em cima de alguém em um cenário desses? Como que o filme quer que eu leve a situação a sério se nem ele ou os personagens tratam com seriedade? Foi nessa hora que minha suspensão de descrença atingiu o limite com Ameaça no Ar.

O filme é precário em demais aspectos técnicos, especialmente nos efeitos especiais. Eu não sei quanto foi o orçamento deste filme, mas existem algumas passagens com um fundo verde tão agressivo que isso acaba te tirando da imersão da história e começa a reparar o quão tosco e mal-acabados são os efeitos visuais. Fotografia e trilha sonora também são muito pouco inspiradas.

Ameaça no Ar mais parece um filme feito para streaming, daquele tipo super genérico que você bota pra assistir e já se esqueceu no dia seguinte de tão desinteressante que é. Com exceção de sua premissa interessante, o único outro ponto positivo que posso dizer é que, pelo menos, o filme não te agride por muito tempo com sua duração de 90 minutos. Mas cá entre nós, os 2 minutos de trailer vão te entreter muito mais do que o filme completo.

⭐⭐

Assista ao trailer

Foto: Reprodução/Paris Filmes

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