Amanda Coimbra apresenta exposição imersiva no Paço Imperial

Inspirada pelas imagens captadas pelo telescópio espacial James Webb, da NASA, a artista Amanda Coimbra apresenta a exposição “Luz estelar ecoando” a partir do dia 14 de junho de 2025, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. Com curadoria de Natália Quinderé, a mostra reúne 35 obras inéditas criadas desde o ano passado, utilizando diversos suportes como fotografias, caixas de luz, vídeo e dispositivos ópticos. A proposta é criar um ambiente imersivo e contemplativo, com iluminação difusa e baixa, evocando uma atmosfera estelar.

Segundo Amanda Coimbra, a proposta da exposição é oferecer ao público uma experiência de imersão em um cosmos ao mesmo tempo real e imaginário. “A ideia é que a pessoa tenha uma imersão nesse cosmos, que é concreto e fictício ao mesmo tempo. Cada um pode ver e imaginar seu próprio universo, através de dispositivos que não são mais tão usuais, como o filme fotográfico, o monóculo e o retroprojetor. A intenção é se reconectar, voltar a olhar para as coisas de uma maneira mais lenta, ter essa pausa para imaginar o espaço”, afirma.

Os trabalhos foram realizados a partir de registros fotográficos analógicos feitos com uma câmera Rolleiflex. A partir dessas imagens, Amanda interfere diretamente sobre o filme slide, utilizando objetos pontiagudos como compassos para desenhar planetas e estrelas. Em seguida, as películas recebem marcas com caneta permanente e raspagens que revelam tons de azul e outras cores, resultando em composições visuais que desafiam o olhar do espectador sobre o que é capturado e o que é intervenção. Para a curadora Natália Quinderé, o trabalho de Amanda explora poeticamente o uso da luz. “Os usos da luz são muito poéticos no trabalho de Amanda, pois atravessam todo o processo – desde pensar a medida incomensurável dos anos-luz, passando para a importância da luz na fotografia, o uso de uma caixa de luz para desenhar no filme, até os dispositivos utilizados na exposição. A exposição reúne essas multiplicidades de sentido da luz, para além do trabalho de imaginação de pensar o cosmo”, explica.

As imagens estarão dispostas em diferentes formatos, com destaque para caixas de luz contendo sequências de fotogramas que criam narrativas visuais. Três dessas imagens serão ampliadas em dimensões de 64 x 80 cm. Um vídeo composto por animações das obras também integra a exposição, conduzindo o público em uma espécie de viagem espacial. A mostra conta ainda com 10 dispositivos ópticos como monóculos, lupas e retroprojetores. “São diversas maneiras de ver o trabalho e devanear por ele, o filme muda se está impresso como uma fotografia ou se vira uma projeção, então também continua sendo importante explorar a sua materialidade, trabalhando dessa maneira e provando vários formatos”, comenta Amanda. A curadora complementa que a exposição investiga as possibilidades de exibição desses desenhos realizados sobre o filme. “A exposição se relaciona com os espelhamentos e deslocamentos de uso do filme. Esses espelhamentos entrelaçam processos e, como um novelo de gato, vão se estendendo. Há várias maneiras de apresentar essa coleção de trabalhos, e Amanda está investigando como expor publicamente os desenhos feitos em cima de filmes fotográficos”, afirma.

A artista, que sempre trabalhou com processos analógicos da fotografia, ressalta seu interesse em subverter a lógica tradicional do suporte. “Gosto de trabalhar com esse material que tem uma característica muito técnica, formal e tecnológica, que entrega uma imagem da realidade, do nosso mundo e pensar em como subverter isso de certa forma”. Embora a pesquisa sobre o céu e a fotografia exista há uma década, as obras que serão exibidas trazem novas abordagens. Diferente de fases anteriores, agora o próprio slide se transforma em obra final. Amanda também passou a observar o céu durante o dia e a desenhar durante o próprio ato de fotografar, estendendo a exposição e experimentando novas texturas luminosas. “Comecei a brincar com as múltiplas exposições, criando manchas desfocadas, deixando o obturador da câmera aberto por um tempo mais longo. Com isso, consigo várias texturas. É uma intervenção que começa a partir da câmera, na qual vou compondo desenhos quando estou fotografando”, conta.

O título da exposição foi inspirado pelos nomes dados às imagens registradas pelo telescópio James Webb. “São títulos fantásticos, como a colisão de galáxias, a eclosão de estrelas, então pensei em fazer uma composição a partir do fenômeno galáctico que estou tentando criar ou mostrar. Como meu trabalho tem muito a ver com a luz, pensei nela ecoando, pois há várias camadas de estrelas que se repetem nas imagens de formas diferentes, além da fotografia analógica ser um processo muito relacionado com a luminosidade”, explica a artista.

A programação da mostra prevê uma visita guiada com a artista e a curadora, além do lançamento de um catálogo virtual.

Sobre a artista

Amanda Coimbra nasceu em Brasília, em 1989, e atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro. É formada em Artes Visuais pelo School of the Art Institute of Chicago (2011). Participou de residências artísticas em instituições como Casa da Escada Colorida, DESPINA, Espacio de Arte Contemporáneo (Uruguai), Proyecto ‘ace (Argentina) e Picture Berlin (Alemanha). Desde 2010, exibe seu trabalho em exposições no Brasil e em países como Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Uruguai, Argentina e Peru. Em 2016, lançou o fotolivro “A Memória de um Álbum de Viagem”, com prólogo da curadora Ana María Battistozzi. Em 2021, seu projeto “Nascer de Terras” foi selecionado pelo edital Retomada Cultural RJ. A produção resultou em uma exposição individual na Z42 com curadoria de Fernanda Lopes. Em 2023, integrou o programa “Imersões Poéticas”, orientado por Cadu e Natália Quinderé, culminando em uma mostra coletiva no Paço Imperial.

Sobre a curadora

Natália Quinderé nasceu em Fortaleza e vive no Rio de Janeiro. Atua como curadora e pesquisadora em artes visuais e dança. Assinou exposições individuais de artistas como Ana Hupe, Eloá Carvalho, Pedro Victor Brandão, Luciana Paiva e Darks Miranda, além de projetos coletivos como “O trabalho trabalha trabalha” e “Formas de abandonar o corpo – parte 1”. Criou o projeto “Seis gentes dançam no museu”, unindo artes visuais, performance e arte sonora. Em 2024, participou da residência do Pivô, em São Paulo, e em 2025 foi selecionada para a última edição do Abre Alas, da Galeria A Gentil Carioca. Coordena a plataforma colaborativa teteia.org, voltada a artistas e pesquisadoras. Também atua como editora e tradutora, com traduções de textos de Hito Steyerl, Chantal Mouffe, Oksana Bulgakova e Bonaventure Soh Bejen Ndikung.

Serviço: Amanda Coimbra – Luz estelar ecoando

Abertura: 14 de junho de 2025, das 15h às 19h

Exposição: até 10 de junho de 2025

Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial [Terreirinho]

Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ

Terça a domingo e feriados, das 12h às 18h.

Entrada gratuita

 Via Assessoria de Imprensa

About The Author