Reprodução: Paramount
Eu não sou um fã de Transformers, acho que isso é algo importante de se pontuar logo de cara. Claro, eu já vi alguns dos live-actions de Michael Bay e acho Bumblebee (2018) um ótimo filme, mas nunca fui exatamente fisgado por esse mundo. Existe algo em Transformers, no entanto, que conversa e apela para minha criança anterior: robôs são legais, carros são legais, mas robôs que viram carros são mais legais ainda. Mesmo não sendo fã, fiquei intrigado com as prévias de O Início e ao término do filme, saí da sala totalmente surpreendido com a qualidade do longa.
Muito antes da guerra por Cybertron e de se tornarem os líderes dos Autobots e Decepticons, Optimus Prime e Megatron eram Orion Pax (Chris Hemsworth) e D-16 (Brian Tyree Henry), dois robôs mineradores com uma amizade muito forte. Cansados das exaustivas rotinas de trabalho e querendo provar que são mais do que meros mineradores, os amigos embarcam em uma jornada que irá revelar muitos segredos sobre o planeta de Cybertron.
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O que despertou meu interesse em assistir esse filme foi seu estilo de animação mostrado nos trailers, e os animadores realmente capricharam. Personagens e ambientes ganham vida em uma animação muito bonita e detalhada, especialmente no uso de cores, as texturas metálicas e cromadas dos personagens e iluminação. As cenas de ação são bastante dinâmicas e empolgantes de se assistir, sem aquela confusão visual normalmente atribuída aos filmes live-action, onde não sabemos direito o que está acontecendo em tela.
A animação se torna ainda mais impressionante quando se olha seu orçamento. Transformers: O Início teve US$75 milhões de orçamento, o que pode parecer muito, mas Divertida Mente 2 (2024) e outras grandes animações da Pixar e Disney, para efeito de comparação, tem em média orçamentos de US$200 milhões. Subtraia deste orçamento o cachê para bancar atores como Chris Hemsworth e Scarlett Johansson, é visível em tela o esforço da equipe criativa e como usaram cada centavo do orçamento na animação.
Ainda da parte visual, gostaria também de ressaltar a direção de arte do longa e como ele optou em trazer a vida Cybertron, o que ajuda bastante na ambientação e imersão do espectador no longa. Não só em termos visuais, mas o roteiro consegue desenvolver muito bem esse mundo, especialmente ao mostrar as castas sociais no planeta, onde robôs que não conseguem se transformar em veículos são considerados seres inferiores e relegados a funções menores, como mineradores, em comparação ao que conseguem se transformar, tratados como elite.
Esse foi um ponto que me surpreendeu bastante, ainda mais num filme de Transformers, como os roteiristas conseguem estabelecer essas intrigas sociais em Cybertron e traçar paralelos bem interessantes com o nosso mundo real de maneira simples mas muito bem executada. A ausência de humanos também é ótima em O Início, já que esta é a maior crítica nos filmes live-action: os humanos roubam foco dos próprios Transformers. E como o filme é totalmente ambientado no planeta natal dos robôs, realmente podemos explorar mais de Cybertron, seus habitantes e a vasta mitologia de Transformers, algo que deve deixar fãs de longa data da franquia bastante felizes.
Os personagens também são bem trabalhados, especialmente Orion Pax e D-16. O público sabe que estes dois estão destinados a se tornarem inimigos mortais, e os roteiristas sabem disso. De forma muito inteligente, o filme constroi a amizade e espírito de camaradagem entre os protagonistas e você como espectador compra totalmente esse elo, para quando chegar a queda, realmente te abalar. Em muitos momentos eu me lembrei de X-Men: Primeira Classe (2011) e como o longa aborda a relação Xavier e Magneto e, assim como no filme dos mutantes, O Início desenvolve essa trama tão bem quanto e considero ambos os prequels como um dos melhores de suas respectivas franquias.
O trabalho de voz também merece ser elogiado. Eu assisti ao filme no áudio original em inglês e gostei bastante de Chris Hemsworth como o jovem Optimus. Em nenhum momento senti que estava ouvindo o Thor falar, e sim o próprio Optimus. Scarlett Johansson e Keegan-Michael Key como Elita e Bumblebee mandam bem em seus respectivos papeis, mas o Megatron de Brian Tyree Henry é quem rouba a cena, especialmente em sua transformação e como sua personalidade e voz mudam quanto mais cai para vilania. Jamais esperaria de um filme de Transformers que eu iria importar com os personagens e com a trama, o que para uma pessoa que não é fã da franquia, é algo realmente surpreendente.
Se fosse para pontuar algum defeito do filme, seria em relação a algumas cenas de humor, especialmente as que envolvem Bumblebee, que pessoalmente foram 50/50. Algumas acertaram e arrancaram boas risadas enquanto outras são bobinhas e se repetem demais.
Em resumo, Transformers: O Início foi uma ótima surpresa que tive nos cinemas. Uma história muito bem construída com ótimos personagens que nos importamos e uma animação muito bonita e dinâmica que merece ser vista nas telonas. Este é um verdadeiro presente para entusiastas de Transformers e se você é fã dos filmes live-action, eu encarecidamente peço para dar uma chance a este filme. Não deixe de ver este filme porque ele é uma animação, pois Transformers: O Início é facilmente o melhor filme já feito da franquia de robôs gigantes e tenho certeza que não irá se arrepender de assistí-lo nos cinemas.
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