Para a mostra Olhar Retrospectivo desta edição, o 13º Olhar de Cinema escolheu o diretor taiwanês Hou Hsiao-Hsien como o representante da categoria, com a filmografia do cineasta sendo o foco desta mostra. Dentre os longas selecionados para o festival, A Assassina (2015), é um caso curioso.
O filme conta a história de Yinniang, uma assassina chinesa do século VII que recebe a missão de assassinar o governador Tian Ji’na, seu próprio primo. Entretanto, a assassina se encontra em conflito para cumprir a tarefa, já que era apaixonada desde a infância por seu primo. A Assassina é o último filme feito pelo diretor, que optou fazer um filme de ação ao invés de um drama intimista, gênero pelo qual é mais conhecido.
Entretanto, é muito importante salientar que se você busca um filme de ação aos moldes O Tigre e o Dragão (2000) não encontrará aqui. O filme de Hou é muito mais contido em suas cenas de ação, seja nas coreografias mais simples, estilo de fotografia ou mesmo a quantidade de sequências ao longo do filme, algo que fica bem claro se compararmos com o filme citado anteriormente, por exemplo.
Isso é um defeito? Bem, depende da sua expectativa prévia para o filme e conhecimento da filmografia e estilo do diretor. Confesso desconhecer muito do trabalho de Hou, mas pela sinopse do longa, fui ao cinema esperando um tipo de filme e recebi outro no lugar, o que confesso ter me decepcionado e incomodado um pouco.
Agora algo que realmente me incomodou foi o ritmo extremamente arrastado do longa. Cenas e diálogos se prolongam desnecessariamente, tornando a progressão e desenrolar da história muito maçantes. Isso que o filme não é longo, tendo ao todo 1 hora e 47 minutos de duração, mas perdi as contas de quantas vezes vi o relógio para saber quanto tempo faltava para terminar. Isso serve de exemplo para mostrar que muitas vezes, o problema não é a duração de um filme, e sim o seu ritmo.
Outro aspecto que senti falta, foi a presença de personagens – e por extensão atuações – mais carismáticos ou interessantes, o que dificultou ainda mais meu envolvimento com a história, história essa que é bastante complexa e cheia de detalhes com as intrigas políticas da região, sendo bem fácil do espectador se perder em meio a tantas informações.
Já nos aspectos técnicos, é onde acredito estarem os pontos mais fortes do filme, especialmente em seu design de produção. Seja nas vestimentas, cabelos, adereços, cenários ou arquitetura, a reconstrução da China Antiga para o longa é muito bem feita e bonita, ambientando bem o espectador. O que também contribui bastante para a ambientação, é a fotografia do filme, com vários planos muito bonitos e que valorizam o cenários, com cenas parecendo um quadro em muitos casos.
No geral, A Assassina foi uma experiência bem decepcionante para mim. Consigo reconhecer o primor técnico quanto a produção e fotografia do filme, mas além disso, o que tenho? Uma história arrastada, complexa e maçante, sem personagens interessantes e cenas de ação muito pouco inspiradas. É importante ressaltar que esta é uma crítica de alguém que não tem contato ou experiência com o trabalho de Hou Hsiao-Hsien. Talvez para aqueles que conhecem mais a fundo seu estilo e filmografia, A Assassina deva ser um ótimo filme. Mas para mim, como um marujo de primeira viagem, foi uma experiência chata.
E o fato de ao final da sessão ninguém do público aplaudir o filme, como em outras sessões do festival, mas imediatamente pegarem seus celulares para verem a hora, mostra que eu não sou o único que se sentiu assim.
⭐⭐
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