Venom: A Última Rodada – Uma trilogia com 100% de aproveitamento

Reprodução: Sony Pictures

Venom é um dos meus personagens favoritos da Marvel, seja ele enquanto vilão do Homem-Aranha ou como um anti-herói em suas aventuras solos. Tanto nas páginas dos quadrinhos, quanto nas animações ou games, Venom sempre me cativou por seu visual marcante e todo o conceito dos simbiontes como parasitas alienígenas. Os filmes live-action do personagem protagonizados por Tom Hardy, no entanto, eu não sou nem um pouco fã.

Venom (2018) é um filme ruim, brega e genérico que parece ter saído direto dos anos 2000 de mãos dadas com Demolidor (2003), Mulher Gato (2004) e Motoqueiro Fantasma (2007). Sua sequência, Venom: Tempo de Carnificina (2021), é um longa ruim e extremamente brega que insulta a minha inteligência e desperdiça um ótimo vilão que o Carnificina poderia ter sido. Ao sair da sessão de Venom: A Última Rodada, filme que encerra essa “grande” história, cheguei a conclusão  de que esta é uma trilogia com 100% de aproveitamento. Três filmes muito ruins e bregas pra caramba.

Após os eventos do segundo filme, Eddie e Venom estão foragidos da lei. A situação da dupla se agrava ainda mais quando, além de fugirem do exército, ambos passam a serem perseguidos por criaturas alienígenas enviadas por Knull, o Deus dos Simbiontes. A amizade dos dois é posta à prova no que pode bem ser a aventura final de Eddie e Venom.

Os longas anteriores são duramente criticados por seu roteiro (ou falta de) e com total razão. Personagens são mal desenvolvidos, a relação e vínculo de amizade que Eddie tem com o simbionte sequer tem espaço para ser trabalhada e os antagonistas são rasos e caricatos.

Posso dizer que todos esses problemas se repetem neste terceiro filme, o que é algo que francamente me deixa um tanto surpreso pelo seguinte motivo: Todos os longas de Venom são roteirizados por Kelly Marcel, que também assina a direção deste terceiro longa. Me impressiona o fato de uma mesma roteirista ter a oportunidade de escrever a trilogia e os personagens sequer demonstrarem um pingo de evolução ou arco de desenvolvimento ao longo dos filmes.

Eddie permance o mesmo protagonista burro, passivo e que só reclama de tudo no filme inteiro. É um personagem que não tem senso de urgência com a trama, sendo praticamente arrastado por Venom para que a história caminhe. O simbionte também continua exatamente como nos filmes anteriores, ou seja, fazendo várias piadas bregas e sem graça que talvez façam você rir de vergonha ou de tão ruim que elas são.

Para mim, é um absurdo um filme que se vende como uma conclusão épica e uma despedida triste dos amigos, quando ao longo de três filmes essa relação sequer é desenvolvida. Por que eu vou me importar com Eddie e Venom se o filme e o roteiro não se dão ao trabalho de fazer com que a gente do público se importe com o que vai acontecer com a dupla?

Reprodução: Sony

A trilogia Como Treinar o Seu Dragão, E.T – O Extraterrestre, Bumblebee e o recente Robô Selvagem – que também tem crítica no site – são só alguns exemplos de produções que sabem trabalhar boas relações entre um ser normal e um ser extraordinário, justamente porque a história dá espaço e tempo para que os personagens possam interagir e permitir que os vínculos surjam de forma natural. O fato de em três filmes, os idealizadores não conseguirem desenvolver a relação da dupla protagonista, é prova cabal da falta de qualidade dessas obras.

O mínimo de desenvolvimento que Eddie e Venom tem são através de cenas extremamente bregas e vergonhosas de “humor”. Existem duas passagens no filme, a do cavalo simbionte e a de Venom dançando com a Sra. Chen, ambas mostradas nos trailers, que ultrapassam qualquer noção de breguice e são só ridículas, simplesmente. “O que eu estou assistindo?” foi uma pergunta recorrente que fiz a mim mesmo ao longo da 1h50 de duração.

Um elemento que chamou bastante atenção nos trailers foi a confirmação do vilão Knull. Como fã da fase dos quadrinhos de Donny Cates e Ryan Stegman, arco que introduziu o Deus dos Simbiontes, eu estaria mentindo se dissesse que não achei legal de ver em tela o Rei das Trevas e o planeta natal dos simbiontes, Klyntar. Entretanto, é importante mencionar que o vilão tem uma participação curtíssima, não passando de 3 minutos no total.

É óbvio que a Sony tem planos maiores com Knull, o que se alinham com as declarações da diretora que esse filme seria apenas uma introdução ao personagem e com rumores recentes de que o Homem-Aranha 4 com Tom Holland, supostamente irá utilizar o vilão em uma adaptação do arco Rei das Trevas.

Se nem na história, personagens ou humor o filme se garante, e quanto às cenas de ação? Possivelmente o longa com as piores sequências dos três, as cenas de ação são momentos muito pouco inspirados e nada memoráveis. Se tem algo que posso pelo menos elogiar do filme é a qualidade dos efeitos do simbionte. Seja na aparência dos hospedeiros envoltos pelo simbionte, a textura gelatinosa da criatura e forma como seus tentáculos se mexem nas cenas de ação, os efeitos de computação gráfica são muito bem feitos.

Quanto aos demais aspectos técnicos como direção, fotografia e figurino, eles seguem o padrão dos filmes anteriores, ou seja, genéricos e nada muito memoráveis. A trilha sonora é composta em sua maioria por músicas pop licenciadas e poucas faixas originais destinadas aos créditos do filme. O uso de Don’t Stop Me Now e Dancing Queen nas cenas do cavalo e dança, respectivamente, só elevaram o ridículo à décima potência. Para alguns, essa é justamente a graça, por ser brega e bobo, mas para mim isso torna tudo mais ridículo e vergonhoso.

Veja, se você gosta dos filmes anteriores do Protetor Letal, você provavelmente vai gostar desse aqui também. Agora se você é como eu, que já não gosta dos dois anteriores, este é um filme que você irá detestar e vai sentir que sua inteligência está sendo insultada. Seguindo o mesmo estilo (ou defeitos, se preferir) dos longas anteriores, Venom: A Última Rodada é um filme que está mais preocupado em fazer piadas bobas e bregas do que entregar bons personagens, boas cenas de ação, uma história minimamente coerente ou um final digno para essa trilogia.

Caso você queira uma boa história que saiba explorar quem Eddie Brock é, trabalhar sua relação com o simbionte Venom e ver mais do vilão Knull, não deixe conferir os quadrinhos de Venom por Donny Cates e Ryan Stegman. Eu garanto que seu tempo será muito mais recompensador do que assistindo Venom: A Última Rodada.

Assista ao trailer:

About The Author