‘Todo o tempo que temos’ beira o clichê, mas se salva um pouco

Reprodução Imagem Filmes

Se você espera algo inovador, dramático e recheado de plots, passe longe de Todo o tempo que temos, longa estrelado por Andrew Garfield e Florence Pugh. O filme conta a história de um casal, Almut e Tobias que se conhecem após ela o atropelar (bem clichê). Os dois começam a se relacionar aos poucos, acabam tendo uma filha e anos depois Almut descobre um câncer no ovário em estágio 3.

Até aí, a fórmula é mais do mesmo. E na verdade ela é. Não tem nada que nos surpreende no filme. Um drama pesado com momentos cômicos e com o final que todos sabemos o que acontece, simplesmente porque é obvio. O que realmente torna esse filme bom são as questões técnicas.

O roteiro não é original, pois já vimos outros filmes assim, mas a atuação do elenco com base na direção de John Crowley é notória. Garfield que sai do universo mediano do Homem Aranha e o vemos em uma trama que realmente exige uma atuação mais complexa e profunda. O ator promete e entrega. Não é um Oscar, mas é bom.

Pugh também não decepciona. Pelo contrário, a atriz traz uma verdadeira vivência da doença não só para o corpo, mas também para o olhar. Em determinados momentos é fácil identificar o nível da dor de Almut apenas percebendo o olhar da atriz.

É claro que a direção tem dedo nisso. Crowley é detalhista e onipresente em todas as cenas. A forma como se constrói a tensão nos momentos difíceis do casal e repentinamente somos transportados para lembranças lindas é muito bom. A escolha do cineasta em trazer uma narrativa não linear, mas costurada de toda a trajetória do casal torna tudo ainda mais emocionante.

A fotografia é simples, o famoso “arroz e feijão”, mas serve muito bem para essas cenas, tornando-as muito potentes. Prova-se que não é necessárias grandes pirotecnias para se fazer uma fotografia cabível dentro de um filme. Fazer o simples, na maioria das vezes, é melhor.

Já na trilha sonora, o filme não desperdiça oportunidades para tornar as cenas mais emocionantes, levando o público as lágrimas. O roteiro, como dito, não é inovador, mas destaca-se a construção dos diálogos. Mesmo em cenas de romance clichê, o diálogo sai do senso comum e nos pega de surpresa com: “Eu não esperava que ele fosse dizer isso”.

De fato, Todo o Tempo que Temos é um clichê, mas não é um filme ruim. É um filme lindo, contudo, para o streamnig. Facilmente, poderia ter o mesmo impacto que nos cinemas, afinal, não é um longa de hollywood que exige uma experiência imersiva na grande tela. Para aqueles que desejarem curtir o drama, leve lencinhos e muito chocolate.

⭐⭐⭐

Assista ao trailer:

About The Author