Depois de uma jornada de sete semanas, a segunda temporada de “The Last of Us” chega ao fim. Se você está acompanhando as críticas de cada episódio, deve se lembrar de como foi mencionado que esta temporada tem sido uma experiência bastante inconsistente e frustrante de assistir. Infelizmente, o episódio final, “Convergência”, apenas reforça o gosto amargo e insatisfatório deixado por este segundo ano.
Com a temporada agora completa, é fácil afirmar que um dos maiores erros da segunda temporada é a forma como a protagonista é construída. A Ellie da série é retratada como uma “aborrecente” insuportável, sendo constantemente lembrada por outros personagens do quão despreparada, imatura, impulsiva e incapaz ela é, contrastando com a personagem mais séria, amargurada e vingativa de “The Last of Us: Parte II” (2020).
É curioso que, mesmo com o envolvimento de Neil Druckmann (diretor e roteirista dos jogos) na produção da série, a adaptação não consiga capturar a mesma essência e o mesmo tom da obra original, que, por si só, já possui uma forte linguagem cinematográfica na maneira como as cenas e sequências de jogabilidade são apresentadas. Isso, teoricamente, tornaria o trabalho de adaptação do jogo para uma série muito mais simples do que em outras produções, como “Fallout” (2024).
Além disso, “Convergência” apresenta algumas decisões narrativas bastante questionáveis, como a mudança no confronto de Ellie com Owen e Mel, ou o momento em que Ellie chega à ilha dos Serafitas e é capturada. Esse é um segmento que foi cortado do segundo jogo e que a equipe de produção da série quis reinserir de alguma forma. Fica muito claro por que essa cena foi deletada originalmente, já que ela não acrescenta nada à trama.
A própria maneira como os Serafitas e o personagem Isaac são apresentados nesta temporada oferece apenas migalhas ao espectador, já que, no fim das contas, eles acabam não sendo figuras tão relevantes para a história, restando apenas a expectativa de que sejam mais explorados na terceira temporada.
Talvez o ponto mais incômodo deste final de temporada, especialmente para aqueles que estão conhecendo a história pela série, seja o fato de que o sétimo episódio não é, exatamente, um desfecho. Já era de se esperar, como havia sido anunciado antes da estreia, que a segunda temporada abordasse apenas metade de “Parte II”. No entanto, a sensação deixada ao término de “Convergência” não é de “quero mais”, mas sim de “onde está o restante desta temporada?”.
De modo geral, a segunda temporada de “The Last of Us” foi uma verdadeira montanha-russa, com altos e baixos, e representa uma queda significativa em relação ao ano anterior. É uma série que, se não fosse pelo excelente valor de produção e por alguns bons momentos de atuação espalhados ao longo destes sete episódios, teria deixado uma sensação de insatisfação ainda maior.
Foto de capa: Max