The Last of Us Temporada 2: Episódio 6: O melhor e o pior da temporada

Foto: Reprodução HBO MAX

Uma das críticas mais recorrentes ao longo das análises semanais da segunda temporada de The Last of Us é a inconsistência. Inconsistência é a palavra de ordem nesta temporada em praticamente todos os aspectos, com exceção do valor de produção. Inconsistências de tom, roteiro e atuações tornam a experiência de acompanhar a série semanalmente uma verdadeira montanha-russa, com seus altos e baixos. O penúltimo episódio, “O Preço”, serve como um microcosmo que evidencia todos os acertos e erros ao longo deste segundo ano.

Em “O Preço”, os espectadores têm a oportunidade de ver o desenvolvimento da relação entre Joel e Ellie durante o intervalo de tempo entre a primeira e a segunda temporada.

Por se tratar de um episódio em flashback, a série conta com o retorno de Pedro Pascal no papel de Joel Miller, pautando a relação “pai-filha” com Ellie ao longo dos anos por meio dos recortes dos aniversários da garota e do motivo pelo qual ambos estão brigados no começo da temporada. De longe, o ponto mais forte é a dinâmica entre Joel e Ellie, com uma química e carisma muito palpáveis nas interações entre os atores, o que remete a vários dos melhores momentos da primeira temporada.

Pascal consegue transmitir em tela a felicidade que Ellie traz à vida de Joel e o fardo que ele carrega por causa de suas escolhas de forma tão genuína que serve como lembrete do quão bom ator ele é, não à toa, a quantidade de projetos dos quais participa. Até mesmo Bella Ramsey, sobre quem tive certas ressalvas ao longo da temporada, convence bastante como uma Ellie mais jovem e despreocupada nas sequências de flashback.

A cena do planetário, uma das mais emocionantes de The Last of Us: Parte II (2020), é recriada de forma bastante fiel e singela, sendo definitivamente uma das passagens mais bonitas da temporada.

Além da recriação de vários flashbacks do jogo, “O Preço” consegue estabelecer sequências originais que agregam positivamente à construção da personalidade e motivações de Joel, como o momento de sua infância em que conversa com o pai, vivido pelo excelente ator Tony Dalton de “Better Call Saul” (2015–2022), ou o trecho envolvendo o personagem Eugene.

Apesar de, isoladamente, o episódio conter bons momentos narrativos e de atuação, quando inserido no contexto maior da temporada, “O Preço” evidencia alguns problemas mais amplos. Este episódio fundamenta a sensação de que Bella Ramsey não consegue sustentar a série por conta própria. Seja por uma limitação de atuação e/ou de roteiro, é evidente o quanto ela precisa de alguém para contracenar, seja o Joel de Pedro Pascal ou a Dina de Isabela Merced.

Dentro da história macro da temporada, a jornada de vingança de Ellie, “O Preço” funciona essencialmente como uma pausa nessa trama. Para um episódio que antecede o final da temporada, essa quebra de ritmo soa bastante estranha. Se a equipe de produção tivesse reservado essas sequências para o terço final da história, assim como no jogo, ou as tivesse inserido logo no terceiro episódio, após a morte de Joel, creio que as cenas teriam mais impacto emocional e não quebrariam tanto o ritmo da narrativa.

Retomando a ideia mencionada na introdução, “O Preço” funciona como um reflexo fiel da segunda temporada: uma série que, em partes isoladas, apresenta qualidades positivas, mas que, no conjunto, não consegue se sustentar de forma coesa. Com apenas um episódio restante, resta saber como Neil Druckmann, Craig Mazin e os demais idealizadores irão encerrar o segundo ano da série, e se, assim como no final da primeira temporada, o desfecho sofrerá com problemas de ritmo apressado.

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