Após um longo período de estagnação e filmes medianos, parecia que a saga Predador havia chegado ao fim com a ruína de crítica e público de O Predador (2018). Depois de um hiato de quatro anos, o diretor e roteirista Dan Trachtenberg conseguiu despertar novo interesse pela franquia com o longa Predador: A Caçada (2022), trazendo um necessário frescor por meio de uma premissa simples e, ao mesmo tempo, bastante interessante: e se o Predador viesse à Terra durante a colonização dos Estados Unidos? O sucesso do filme foi decisivo para revitalizar não só “Predador”, como também a saga Alien, ambas com múltiplos projetos atualmente em desenvolvimento.
Um desses projetos é “Predador: Assassino de Assassinos”, um longa animado lançado diretamente no Disney+. Com uma produção frenética, que conta com excelentes e violentas cenas de ação, uma animação belíssima e estilizada, além de expandir os conceitos introduzidos em A Caçada, Assassino de Assassinos se torna uma obra obrigatória para os fãs da franquia.
“Predador: Assassino de Assassinos” é uma antologia animada que narra três histórias ambientadas em diferentes períodos históricos, mostrando as visitas dos Predadores à Terra durante a Era Viking, o Japão Feudal e a Segunda Guerra Mundial, e como essas tramas se entrelaçam entre si.
O filme é dividido em quatro capítulos, cada um com cerca de 20 a 30 minutos de duração. Isso confere à obra um ritmo bastante dinâmico, que não perde tempo e estabelece de forma ágil os personagens, seus conflitos e como seus caminhos irão cruzar com o caçador alienígena.
Um dos aspectos mais chamativos nas prévias do filme são as suas sequências de ação. Assassino de Assassinos não apenas concebe combates empolgantes, como os cercos vikings, o duelo entre um ninja e um samurai, e os confrontos com os Predadores, como também aproveita a mídia da animação, sob a direção de Dan Trachtenberg e Joshua Wassung, para criar cenas visualmente dinâmicas e impactantes.
O estilo de animação adotado pelo longa, bastante similar ao de produções como Arcane (2021–2024), resulta em um filme estilizado e expressivo, como se estivéssemos assistindo a uma história em quadrinhos ganhando vida. A direção da dupla Trachtenberg e Wassung se destaca pela construção de enquadramentos visualmente belos.
A própria premissa do longa, mostrar como seria se o Predador caçasse na Terra em outras épocas, é um desejo antigo dos fãs, e é muito satisfatório ver esse sonho finalmente concretizado. Além disso, essa é uma fórmula que pode ser explorada de múltiplas maneiras: seja o Predador enfrentando guerreiros espartanos na Grécia Antiga, combatendo no Egito dos faraós ou surgindo em um futuro tecnológico ao estilo Blade Runner. Todas são ideias de histórias interessantes que poderiam ser exploradas em uma sequência ou série.
Talvez o ponto mais fraco do filme seja o terceiro capítulo, que acompanha a história de um piloto de caça da Segunda Guerra Mundial. Torres, o piloto, é o personagem menos carismático quando comparado a Ursa, a guerreira viking, e Kenji, o ninja. Além disso, ele protagoniza tiradas cômicas que, ao meu ver, não se encaixam com o tom mais sério do longa e acabam quebrando um pouco da imersão.
É no quarto e último capítulo que as histórias finalmente convergem. Sem entrar em spoilers, trata-se de uma sequência que deixará os fãs de longa data de Predador bastante satisfeitos.
Em resumo, “Predador: Assassino de Assassinos” é uma excelente animação, que merece ser assistida. Com ótimas e violentas sequências de ação, bons personagens, uma animação tecnicamente impressionante e uma narrativa que expande o universo da franquia, Assassino de Assassinos é, sem sombra de dúvidas, uma das melhores entradas da saga Predador em qualquer mídia.
Foto de capa: Reprodução Disney+