Não são raros os casos de atores e atrizes que também assumem o papel de direção nos filmes. Nomes como Clint Eastwood, Mel Gibson, John Krasinski, Greta Gerwig, Jodie Foster e Sofia Coppola são só alguns exemplos de artistas multifuncionais. Quem acaba de chegar no grupo é Zoë Kravitz, atriz que ficou conhecida recentemente por estrelar a Mulher Gato em The Batman (2022) e que tem sua estreia como diretora com o thriller Pisque Duas Vezes.
Na história, acompanhamos Frida (Naomi Ackie), uma garçonete no evento de gala do bilionário da tecnologia, Slater King (Channing Tatum). Ambos acabam se conhecendo na festa e King convida Frida e sua amiga para viajarem com ele e outros convidados da elite e passar alguns dias na ilha particular do bilionário. Entretanto, o que parece ser uma viagem dos sonhos, esconde um segredo mortal.
Pisque Duas Vezes é uma produção que particularmente não tinha ouvido falar até assistir seu trailer enquanto esperava um filme começar. Fiquei bem intrigado com a proposta da trama e pelo fato de ter Kravitz assinando a direção. E logo de cara gostaria de destacar que fiquei impressionado com a direção e a forma como a história é conduzida. Você realmente fica interessado em descobrir o mistério envolvendo a ilha e a direção consegue transmitir muito bem a sensação de que estamos tão perdidos quanto a protagonista em meio a essa rede de segredos, o que deixa tudo mais imersivo.
O que também contribui bastante para o clima de desconforto e tensão são as atuações, especialmente de Naomi Ackie e Adria Arjona, intérprete da personagem Sarah. Ambas as atrizes passam muito bem essas emoções em tela, fazendo com que o espectador crie simpatia pelas personagens e também tema por sua segurança. Quem também manda bem é Channing Tatum, que consegue transitar entre um personagem charmoso, sedutor e intimidador ao mesmo tempo.
Quanto ao restante do elenco, o trabalho é aceitável, mas nada memorável ou que chame a atenção como os já mencionados anteriormente. Isso também vale para o roteiro do filme – escrito por Kravitz em parceria com E.T. Feigenbaum – que apesar de criar um bom mistério e explorar bem personagens como Frida, Slater e Sarah, os demais personagens são extremamente rasos e pouco marcantes.
Outro ponto que senti ser uma faca de gumes é a edição do filme. Se por um lado a escolha de como montar o filme contribui e muito para gerar a sensação de dúvida e incerteza do que está acontecendo para o público, em outros ela fica parecendo confusa e gera alguns contrastes bem esquisitos. Também não sou fã da última cena do filme, que achei um encerramento bem brega para ser sincero.
No geral, Pisque Duas Vezes foi uma experiência muito boa que tive no cinema. Zoë Kravitz traz em sua estreia um filme de mistério tenso e intrigante, com um bom roteiro e boas atuações. Fico empolgado e curioso para ver quais serão os futuros projetos da diretora, com Pisque Duas Vezes sendo um promissor primeiro passo.
Confira o trailer:
Nota do Crítico: ⭐⭐⭐