Paraná e Cinema: Como o setor audiovisual tem crescido no estado

Reprodução: Coração de Neon

Que o Rio de Janeiro e São Paulo são os grandes centros de produção audiovisual do Brasil, todo mundo sabe. São nesses estados onde boa parte dos filmes, séries e novelas nacionais são filmadas e movimentam uma indústria bilionária. Segundo uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), o setor paulista gerou R$5,18 bilhões para o PIB nacional e R$4,85 bilhões para o PIB estadual, além de gerar mais de 57 mil empregos.

Entretanto, não é só o eixo São Paulo e Rio que tem crescido. A cada ano, mais e mais a produção audiovisual tem se fortalecido nos demais estados brasileiros, e o Paraná não é diferente. Atualmente, o estado ocupa o quinto lugar no ranking de estados brasileiros com mais produtoras e cada vez mais séries e filmes estão sendo feitas no estado nos últimos anos.

Como exemplos recentes, podemos citar os filmes Coração de Neon, longa rodado no bairro Boqueirão – um dos mais populosos de Curitiba – trazendo muito da realidade, cultura e cotidiano dos moradores da região. O longa recebeu notas positivas e foi aclamado no Festival de Cannes durante sua exibição. Outro que vale menção é o  filme de mistério Rumor, com previsão de lançamento para 2025,  que teve suas filmagens em cidades do norte do Paraná como Jacarezinho, Ribeirão Claro e Cambará.

Reprodução Sambaqui Cultural)

Em entrevista ao Folhetim Cultural, Diana Moro, produtora-executiva de Rumor, deu sua perspectiva quanto ao crescimento do setor audiovisual no estado. Segundo Moro, isso se dá por uma série de fatores, incluindo as leis de incentivo locais e do chamado Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). “Esse Fundo funciona como um autofinanciamento, onde o próprio mercado recolhe parte da receita gerada por produções audiovisuais, sejam elas filmes ou publicidades, para assim possibilitar o financiamento de novas produções”, explica Moro.

A produtora ainda explica que proteções foram criadas pela classe artística para que parte do FSA fosse destinado para outras regiões do Brasil, não ficando concentrado somente no eixo Rio-São Paulo, o que movimenta não só o cenário artístico, mas também o econômico de demais estados: “Existem dados que mostram que a cada real investido no audiovisual, cerca de R$2,50 a R$3,50 retornam para o município ou estado devido o grande número de contratações e movimento no comércio local, alimentação, hotelaria, indústria têxtil e outras”.

“[Gravar Rumor] foi incrível”, descreve a produtora ao contar sobre o desenvolvimento do filme no norte paranaense. “ A Joana [diretora] sempre teve o filme planejado para se passar em cidades do interior, ter essa ambientação da terra vermelha e sotaque. Tivemos cerca de 50 personagens no elenco, e a grande maioria são atores e atrizes de Cambará e Londrina, usamos figuração, fornecedores e marcas locais. Foi muito bacana.”

Reprodução: Acervo Pessoal

Quanto aos desafios para incentivar ainda mais o setor de audiovisual no Paraná, Diana ainda acrescenta: “Eu acho que num primeiro momento eles [governos municipais e estaduais] estão entendendo o processo e eu acho que existe uma boa vontade que é super importante a gente salientar. Creio que o maior problema hoje é você diminuir as barreiras burocráticas para facilitação da circulação desse recurso, de não ter tantas travas jurídicas para o uso desses recursos públicos”.

Diana Moro é fundadora da produtora curitibana, Moro Filmes, sendo reconhecida e premiada internacionalmente. Formada em Produção Cinematográfica pela New York Film Academy, Moro possui uma extensa carreira, participando da produção de filmes como Nervo Craniano Zero, Nunca Terão Paz, Lamento, A Batalha de Shangri-lá e outros.

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