Opinião: Filmes de Heróis em 2024, um ano de respiro

Reprodução Marvel

Assim como outras formas de arte, o cinema também vive de tendências e modas. Durante os anos 50 e 60, filmes de Velho Oeste eram os mais populares da época, enquanto longas de ação brucutu e terror slasher eram os queridinhos dos anos 80. Durante os anos 2000 e principalmente durante 2010, produções baseadas em super-heróis dominaram as salas de cinema e a cultura pop.

Filmes de super-heróis não são nenhuma novidade, como o Superman (1978) de Christopher Reeves e os longas de Batman (1989 e 1992) dirigidos por Tim Burton. Entretanto, foi nos anos 2000 em que esse subgênero ganhou mais destaque, com os X-Men de Bryan Singer, a trilogia Homem-Aranha de Sam Raimi, a trilogia Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan e o surgimento do Universo Cinematográfico Marvel (MCU) em 2008 com Homem de Ferro.

A ascensão do MCU, um universo interconectado de filmes onde os personagens aparecem na história de outros heróis e a cada entrada na franquia construía a trama para um evento maior, tornava a experiência de assistir esses longas muito engajante para o público.  A cada filme, a Marvel Studios conquistava cifras cada vez maiores nas bilheterias, mesmo usando os personagens mais desconhecidos da editora, já que os mais populares como Homem-Aranha, X-Men e Quarteto Fantástico tinham seus direitos cinematográficos com a Sony e Fox, respectivamente.

Disney

O auge deste gênero definitivamente é em 2018 e 2019 com os lançamentos de Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato, culminando na grande batalha dos Vingadores contra Thanos pela posse das Joias do Infinito, dois filmes que se tornaram verdadeiros fenômenos e uma conclusão épica para a saga. No entanto, a história do MCU continuou, e mesmo que tenham tido alguns pontos altos no período Pós-Ultimato, a Marvel teve muita dificuldade em emplacar suas novas produções.

2023 sendo um grande tropeço para o estúdio, com Homem-Formiga e Vespa: Quantumania e As Marvels sendo verdadeiros fracassos de crítica e bilheteria, dando prejuízos milionários. Para a DC, 2023 também foi um ano bastante caótico, onde todos os seus 4 filmes lançados pela editora tiveram performances abaixo do esperado, gerando grandes prejuízos aos cofres da Warner.

O excesso de produções entre filmes e séries de qualidade questionável levou a pergunta “Estamos cansados de filmes de heróis?” a se tornar cada vez mais frequente entre o público. O que nos trás até 2024, que tem sido um ano de respiro e momento de repensar as estratégias para os estúdios.

Comparado a anos passados em que a Marvel chegava a lançar de 3 a 4 filmes nos cinemas e 3 a 4 séries no Disney+, este ano foi lançado apenas Deadpool & Wolverine, que foi um enorme sucesso, a elogiada animação X-Men 97’ e a série Agatha Desde Sempre. Já a DC lançou Coringa: Loucura a Dois, a série Pinguim e lançará em dezembro a animação Comando das Criaturas. Ambas estão usando esse ano para realmente reformular as estratégias para o futuro, algo que se reflete no calendário de lançamentos dos próximos anos.

Reprodução Marvel

A Marvel vai investir pesado em para trazer de volta a popularidade e coesão que tem faltado no MCU nos últimos filmes, focando em personagens que o público realmente quer ver, como os X-Men, Quarteto Fantástico, Demolidor e Homem-Aranha e trazendo atores queridos de volta ao cinema, como Robert Downey Jr. no papel do vilão Doutor Destino nos próximos dois filmes dos Vingadores. Apesar de ter minhas ressalvas quanto ao uso exagerado de nostalgia em lançamentos recentes e os retornos de Downey e os irmãos Russo na direção, uma manobra que mostra o quão desesperada a Marvel está, isso só mostra que eles reconheceram que pisaram na bola e querem reconquistar o público.

Já atual a DC Studios, passou por uma reestruturação radical desde que James Gunn e Peter Safran assumiram o posto de diretores. Diferente do falecido DCEU que passou por enormes problemas de gestão e pressa ao apresentar os heróis e formar a Liga da Justiça, a DC de James Gunn promete ser um universo mais coeso, com mais liberdade criativa entre as produções. Ao invés de correr atrás e tentar ser a Marvel, a nova DC Studios almeja uma identidade própria.

O Superman de James Gunn é um filme que estou super empolgado para assistir, principalmente por trazer de volta a compaixão e esperança que o personagem representa, algo que esteve de fora da versão de Zack Snyder. Supergirl: Mulher do Amanhã promete ser uma aventura espacial, enquanto a série Lanternas será uma trama de investigação aos moldes de True Detective.

Reprodução: DC

Além disso, histórias fora do universo principal também vão ser contadas, como é o caso da saga The Batman de Matt Reeves, o que permite que idealizadores possam contar e reinventar esses ícones da cultura pop de formas diferentes e criativas.

Fora do eixo MCU e DC, produções de super-heróis de outras produtoras têm alcançado bastante sucesso por justamente fugirem da fórmula. A Sony Pictures Animation conseguiu não só muito sucesso e prestígio, como revolucionou o mercado de animações ocidentais com os filmes do Aranhaverso e sua belíssima técnica de animação. A Amazon tornou The Boys e Invincible dois dos seus maiores carros chefes enquanto plataforma de streaming, com múltiplas temporadas e derivados.

Retomando a pergunta que fiz lá trás no texto, estamos mesmo cansados de filmes de heróis? É nítido que existe um desgaste com filmes do gênero por parte do grande público e que os auges de 2018 e 2019 dificilmente serão atingidos novamente. Mas elas ainda têm apelo forte com o público, basta ver os sucessos recentes de Deadpool e Wolverine, X-Men 97’, The Batman, The Boys, Invincible e os dois Aranhaverso.

Reprodução Prime Video

Quanto ao futuro, creio que para um filme de herói ter sucesso e capturar a atenção do público, ele precisa oferecer algo a mais do que só o “feijão com arroz”. Seja apostando na carta da nostalgia como a Marvel está fazendo ou na variedade criativa que a DC e produtoras buscam com seus novos filmes.  

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