Operação Vingança: Um filme de ação “feijão com arroz” muito bem preparado

Quando faço a pergunta: “Imagine um herói de ação”, o que lhe vem à mente? Provavelmente, um homem musculoso, sem camisa, empunhando grandes armas e eliminando verdadeiros exércitos de inimigos sozinho, com o objetivo de salvar um ente querido ou buscar vingança — aos moldes de Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone, um verdadeiro brucutu. Entretanto, essa imagem é o completo oposto do que vemos em Operação Vingança, o mais novo longa de ação e espionagem estrelado por Rami Malek, que visa oferecer uma nova perspectiva sobre o protagonista de ação.

Charlie Heller (Rami Malek) é um genial e recluso especialista em decriptação que trabalha para a CIA. Quando sua esposa, uma agente de campo, é assassinada durante uma missão, Charlie decide buscar vingança contra os responsáveis. No entanto, devido à sua falta de conhecimento em combate e manuseio de armas, ele terá que contar com seu intelecto e seu domínio da tecnologia para cumprir a missão.

Ao ler a premissa de Operação Vingança, você provavelmente pensará: “Nossa, já vi essa história umas 50 vezes”. De fato, o filme tem uma trama básica, um verdadeiro “feijão com arroz”. Isso, no entanto, não é necessariamente um problema. Como sempre gosto de citar, John Wick também tem uma das histórias mais batidas do mundo, mas consegue criar uma identidade própria — coloca um “bife nesse feijão com arroz” (para continuar na analogia culinária) — ao trocar a morte de um ente querido pelo assassinato de um cão como estopim da vingança, somado a impressionantes coreografias de luta.

O “bife” em Operação Vingança é justamente o protagonista Charlie, que foge do estereótipo do herói de ação carrancudo, exalando testosterona e capaz de derrubar dez capangas ao mesmo tempo. Seu porte franzino, a falta de habilidade em combate e sua personalidade tímida tornam o personagem muito mais humano e vulnerável, fazendo com que ele precise recorrer à sagacidade e improviso para enfrentar as situações. Rami Malek transmite muito bem a personalidade genial e reclusa de Charlie, e convence na proposta de mostrar como uma pessoa comum reagiria diante do cenário em que se encontra.

O filme me lembrou, em diversos momentos, a franquia de jogos Hitman, especialmente nas sequências em que Charlie confronta cada um dos integrantes da gangue que assassinou sua esposa. Assim como em Hitman, em que o jogador deve estudar a rotina do alvo, o ambiente ao redor e utilizar disfarces e dispositivos para realizar os assassinatos, Operação Vingança estrutura suas cenas de ação da mesma maneira, resultando em momentos bem criativos — os pontos altos do filme.

Quanto aos demais aspectos técnicos — como som, trilha sonora, direção e efeitos especiais — todos cumprem bem o seu papel. Nada que seja particularmente inventivo ou memorável, mas suficientemente competente para manter o espectador engajado na experiência.

Se Rami Malek consegue se destacar com uma boa atuação e um protagonista interessante e facilmente relacionável com o público, o mesmo não se pode dizer do restante do elenco. Veja bem, o elenco não é ruim — muito pelo contrário — está repleto de ótimos nomes, como Laurence Fishburne, Rachel Brosnahan e Jon Bernthal. O único que mais ou menos se sobressai é o personagem de Fishburne, mas o elenco como um todo acaba sendo muito subaproveitado. Isso torna tudo ainda mais decepcionante, por representar um desperdício de atores e atrizes de alto calibre.

O final do filme, em que Charlie finalmente confronta o líder da gangue responsável pela morte da esposa, é uma sequência anticlimática, que acaba dando um tom amargo à jornada como um todo. O desfecho termina em baixa e ainda levanta algumas incongruências no roteiro e nas motivações dos personagens.

No geral, Operação Vingança não é o filme mais original ou memorável do gênero. Mas se você é fã de longas de ação e espionagem, o filme, assim como um bom “PF”, irá saciar sua vontade e entreter durante as 2 horas de duração.

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