‘O Homem do Saco’ utiliza do clichê do terror para mostrar que o gênero não precisa inovar para ser bom

Acredito que qualquer fã de terror foi surpreendido com a chegada de ‘O Home do Saco’ nos cinemas. Pelo menos, não me lembro de ter visto qualquer notícia relacionada ao filme antes. É claro que já virou costume de hollywood trazer lendas urbanas para as telonas há muitos anos, porém, isso ainda continuar funcionando nos dias de hoje é um tiro no escuro para os estúdios.

Neste caso, a Lionsgate acertou. O Homem do Saco é um filme que em primazia possui um roteiro simples: um garoto amaldiçoado por uma entidade das lendas urbanas que anos depois, já com família construída, volta a ser perseguido por seu passado.

Contudo, a forma de contar é inusitada no gênero. Não é novo, claro, mas foi pouco explorado. Talvez porque a maioria dos produtores estejam buscando constantemente maneiras de inovar, ao invés de colocar suas ideias em fórmulas simples que já dão resultados há muitos anos.

No filme acompanhamos a Patrick McKee (Sam Claflin) que acaba amaldiçoado pelo Homem do Saco após quase invadir sua caverna em uma mina abandonada quando criança. Anos mais tarde, casado com Karina (Antonia Thomas) e pai do pequeno Jake (Caréll Rhoden), Patrick acaba sendo atormentado pela criatura novamente após jogar o brinquedo que mais amava quando criança fora. Essa é a premissa que protege qualquer criança das garras do Homem do Saco.

O roteiro é divertido e tenso, nos fazendo mergulhar na história que brinca com clichês do terror de forma muito prazerosa. O famoso jump scare é colocado em momentos que não são convencionais em sua maioria, mas que o público já pode esperar. E mesmo esperando pelo susto, ele acontece de qualquer forma. Luzes piscando, barulhos estranhos, bonecos bizarros e até aparições são elementos já batidos no terror, mas que funcionam muito bem neste filme.

A fotografia brinca com o nosso imaginário e começa a revelar as informações necessárias na cena conforme o roteiro se desenrola. É algo pensado mutuamente, como se tivesse sido construído ao mesmo tempo. Já na direção, Colm McCarthy, traz uma perspectiva diferente de criatura e como o elenco se relaciona com ela.

A atuação de Claflin, Thomas e até do pequeno Rhoden são excelentes. Claro, são atores com potenciais muito superiores, mas o roteiro não os exige toda sua dedicação dramática. O mais importante talvez seja o fato de não haver personagens idiotas, bobinhos. Até mesmo a irmã de Karina que ganha destaque no terceiro ato ao proteger o pequeno Jacke do Homem do Saco, não é qualquer personagem burro que morreria em segundos. Rapidamente, ela consegue pensar e agir como uma pessoa comum faria naquela situação.

Apesar de ser uma entidade na história, o diretor também brinca com a visão de Patrick, o que mostra que não é apenas um demônio comum. É para além da casa ou da família, mas uma lenda da cidade que vive nas sombras de qualquer morador da região.

Além disso, trazer história para uma das lendas mais famosas do mundo é uma perspectiva muito interesse de se fazer. Apesar de não conhecermos sua origem, quem é por trás daquele mal, o roteiro amarra as pontas primordiais para que o filme seja bom. Ou seja, não são informações que precisam existir. Afinal, por que não deixar essas questões para possíveis continuações?

O filme é redondo, isto é, não precisa ter continuação, mas se seguir esta linha, pode se tornar uma franquia interessante. É hora de Hollywood parar de querer inventar história para blockbuster, pensando apenas em bilheteria e começar a focar a contar histórias, assim como era até a chegada dos streamings.

‘O Homem do Saco’ é um filme que todo fã de terror precisa assistir. O longa entra em cartaz no dia 30 de janeiro nos cinemas.

Nota do crítico: ⭐⭐⭐⭐

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