‘O Fantasma de Friedrich’ demonstra o quanto Curitiba pode produzir grandes musicais

Com estreia nacional no Festival de Curitiba, o espetáculo do grupo curitibano Bife Seco, “O Fantasma de Friedrich” é uma revelação teatral para o cenário musical da cidade. Fora do circuito Rio-São Paulo, poucas produções conseguem chegar aos níveis off-brodway.  

A trama acompanha a jovem Alana que entra em um hospital psiquiátrico para procurar sua irmã, acompanhada de seu ursinho de pelúcia, Adolf. A medida que investiga o paradeiro dela, Alana conhece outros pacientes que a ajudam na missão. O desfecho da história é surpreendente e possui um plot-twist hollywoodiano. 

As músicas provem de uma parceria do diretor Dimis com Enzo Veiga, mestre em teatro musical pela New York University e passam a essência sonora que espetáculos como esse devem possuir. Músicas originais e que ajudam a narrar o texto vão sendo apresentadas em todos os momentos.  

Assim, um musical ao estilo brodway é construído. A iluminação grandiosa trouxe para o Guairinha um aspecto de show de uma banda de pop-punk. O cenário, nos transporta instantaneamente para dentro do hospital que os personagens tanto odeiam estar.  

Já na atuação, personagens caricatos compõe o espetáculo para trazer a comicidade necessária em um tema tão pesado. O elenco se debruça naquilo que propõe e o jogo cênico se expandi para tantos espaços e lugares que fica difícil dizer que não são reais.  

Dimis e sua equipe mergulham na estética diferenciada de uma apoteose musical. Não é brodway, nem off-brodway, mas teatro brasileiro. Apropria-se de gêneros estrangeiros nas músicas, mas a narrativa é completamente nacional. Enquanto a Disney se preocupa em vender princesas por um final feliz, por aqui, o importante é refletir sobre o sistema de saúde mercadológica que leva a muitos casos, um final nem tão feliz assim.  

O que torna a dramaturgia mais profunda e impactante é o surgimento dela após a experiência pessoal do próprio diretor. Os elementos dramatúrgicos e cênicos brincam com a ideia de fármacos para resolução de todos os problemas e que problemas psiquiátricos são resolvidos apenas com “foco, força e fé”, como diria a personagem. 

De fato, “O Fantasma de Friedrich” é um espetáculo para ser assistido por aqueles que gostam e admiram o gênero. É estupendo no que se propõe a fazer, ao ponto que duas horas e meia de peça passam sem ser notadas. Por fim, o grupo Bife Seco traz mais um show teatral que entrega o que promete e se fixa no cenário mercadológico de musicais com muita brasilidade em suas tramas. 

O Fantasma de Friedrich – Uma Pop Ópera Punk – Fotos Annelize Tozetto

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