O cinema indígena vive!

Em uma comunidade Mbyá-Guarani, um filme está sendo produzido para contar a história de Canuto, um homem que, há muitos anos, passou pela transformação de onça e teve um fim trágico. Este longa participou da sessão de “exibições especiais”, espaço esse reservado para filmes brasileiros e internacionais que mescla temas, grandes nomes e filmes nacionais deste ultimo ano.

Uma ideia que surgiu em 2010 e só foi concluída em 2023, tem como objetivo mostrar o ponto de vista e a cultura dos povos indígenas, acompanhando de perto uma aldeia localizada entre a fronteira do Brasil e Argentina. Utilizando de uma linguagem híbrida, o longa circula entre a ficção e a realidade.

“A Transformação de Canuto” abraça muitas coisas, tanto o fazer cinema, mostrando todo o processo de produção de um filme, quanto contar a história do homem que virou onça, além de todas as outras dificuldades como: gravar as cenas nesse ambiente tão distante, com um baixo orçamento e uma pequena produção.

O filme é feito de uma maneira muito livre, nos fazendo sentir dentro da aldeia em todo o momento. Os movimentos de câmera parecem estudados, mas ao mesmo tempo, são gravados de maneira amadora, como se fossem pessoas comuns registando momentos felizes e tristes do seu dia.

Essa salada mista misturando os dois lados da história, ficção e documentário, foi o que deixou o filme diferente de tudo que já vi. Muitos vão pensar que está mistura atrapalha em perceber o que é atuação e o que é real, mas eu digo que não. Ocorre todo um estudo de cena e edição por trás, que deixa tudo perfeitamente encaixado, não ficando confuso em nenhum momento.

Um filme com roteiro de Ariel Ortega, um cineasta indígena, e Ernesto de Carvalho e com duração de 2h10, nos mostra perfeitamente a vida em uma aldeia contando uma lenda muito conhecida na região.

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