Nova era da leitura: redes sociais moldam o perfil do jovem leitor

O uso das redes sociais cresce de forma contínua a cada ano, impulsionado especialmente pelas gerações Y e Z. Esses grupos veem nas plataformas digitais uma ferramenta eficaz para socialização e compartilhamento de conhecimento. Além disso, as redes desempenham papel estratégico ao aproximar o público jovem de novos gêneros literários e ao estimular comunidades presenciais voltadas à leitura.

O aumento expressivo de criadores e consumidores no TikTok reflete diretamente essa tendência. Hashtags como #BookTok, amplamente utilizadas por influenciadores literários, ganharam destaque desde o início da pandemia de Covid-19. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura em Eventos do Livro e Literatura, realizada em 2024 pelo Instituto Pró Livro (IPL), os gêneros mais consumidos nos últimos três meses, especialmente em formatos digitais e em redes como Instagram e Facebook, concentram-se na faixa etária entre 14 e 29 anos. 

Durante o período de isolamento social, a restrição ao convívio presencial contribuiu para a ascensão de nomes influentes no BookTok, que se tornaram referência ao indicar obras literárias e entreter leitores confinados. No Brasil, criadores como Tatiana Feltrin, Bel Rodrigues e Pam Gonçalves despontaram como vozes de destaque no cenário digital. Eles abordam uma ampla gama de gêneros, de romances a fantasia, com linguagem acessível e autêntica, aproximando a literatura de diferentes perfis de leitores.

Dados da pesquisa Desempenho Real do Mercado Digital no Setor Editorial Brasileiro, conduzida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), revelam que o faturamento com conteúdos digitais aumentou 200% em seis anos, impulsionado pela facilidade de acesso aos livros virtuais. Entre os consumidores, 55% preferem adquirir títulos em lojas on-line, enquanto 39% optam por estabelecimentos físicos. O Nordeste se destaca como a região com maior percentual de leitores que priorizam compras digitais. Observa-se também que esse público consome mais produtos ligados à internet e tecnologia, o que indica um perfil altamente conectado e atento às transformações do mercado editorial.

O cenário aponta para uma convergência entre literatura, tecnologia e redes sociais. A leitura deixa de ser uma experiência solitária para se transformar em prática coletiva, moldada por algoritmos, influenciadores e comunidades digitais.

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