No romance Tempos Amarelos (Editora SEDAS, 136 páginas), Verônica Yamada apresenta uma protagonista nipo-brasileira ambientada em um futuro próximo, marcada por um cenário de intensificação da cultura do trabalho e suas consequências para o corpo e a mente. A narrativa parte de uma distopia tecnológica, mas caminha em direção à healing fiction, gênero literário focado na cura emocional.
A trama se desenvolve em um Brasil que figura entre os países com os maiores índices de síndrome de burnout, atrás apenas do Japão. De acordo com dados de 2024 da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANMT) e da International Stress Management Association (ISMA), 30% dos trabalhadores brasileiros são afetados pela síndrome. “Eu mesma já passei por alguns burnouts e me sinto sobrecarregada o tempo todo”, afirma a autora. “Queria mostrar que ninguém quer entrar em burnout, mas que nos sentimos sempre pressionados a produzir.”
Durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) 2025, Verônica Yamada participará com o coletivo das Escritoras Asiáticas e Brasileiras, na mesa 9 da Praça Aberta. No sábado, 2 de agosto, das 14h às 16h, realizará sessão de autógrafos na Casa Escreva, Garota! (Travessa Gravatá 56c/d).
No romance, a autora mescla crítica social, ficção especulativa e aspectos subjetivos para retratar o impacto das pressões profissionais e familiares na saúde mental de pessoas racializadas. A protagonista, Marina, vive em uma sociedade em que a energia vital dos indivíduos é monitorada por dispositivos, e o esgotamento é tratado como estatística. Ao atingir o limite físico e mental, Marina entra em um estado de inconsciência denominado “battery-out”. Nesse mesmo hospital, encontra-se Kaue, homem de ascendência nipônica que desperta de um coma iniciado na juventude. Durante o sono, ambos compartilham um espaço onírico, onde passam a revisitar traumas e a repensar seus vínculos afetivos.
No universo simbólico construído por Verônica, a narrativa corporal ganha protagonismo: os distúrbios alimentares de Marina, as marcas do racismo e até a culpa transformada na figura de um cão da infância revelam os efeitos do adoecimento emocional. A escritora também incorpora elementos da cultura japonesa e da vivência de pessoas amarelas no Brasil para abordar, com delicadeza e contundência, temas como abandono parental e a busca por reconhecimento. “A maioria das famílias amarelas investe muito em educação, mas são bastante frias. Isso causa uma sensação de abandono e negligência parental”, pontua. “Muitos filhos tentam fugir do controle dos pais, mas, ao mesmo tempo, acabam sempre desejando um amor que nunca vem como querem.”
Verônica Yamada é médica oftalmologista e iniciou sua trajetória na literatura em 2019, após um episódio de burnout. Nascida em São Paulo, viveu parte da infância no Japão e no interior paulista. É autora de livros como A face obscura de Lívia, Loucura e Perversidade, Herdeiros das Trevas e Carne de Segunda, best-seller na Amazon. Também publicou obras infantis e participou de antologias. Sua escrita é influenciada por autores como Machado de Assis, Franz Kafka e Virginia Woolf, além da estética de Claude Monet e da sensibilidade da obra japonesa Antes que o café esfrie.
Sobre sua técnica de escrita, ela comenta: “Sou meio jardineira e meio arquiteta. Faço uma planilha de como quero cada capítulo, mas me permito fazer modificações. O fim de Tempos Amarelos, por exemplo, foi mudado algumas vezes.” Em sua primeira obra de healing fiction, a autora optou por um desfecho diferente dos livros anteriores, que abordavam traumas com finais trágicos. “Desta vez, me permiti escrever um final diferente, feliz. Acredito que isso mostra que eu também posso me curar, assim como meus personagens.”
Agenda de Lançamentos de Tempos Amarelos – Verônica Yamada
Flip – Festa Literária Internacional de Paraty (RJ)
Data: De 30 de julho a 3 de agosto
Local: Praça Aberta – Mesa 9 | Coletivo de Escritoras Asiáticas e Brasileiras
Atividade: Presença da autora durante todo o evento com venda e autógrafos do livro
Via Assessoria de Imprensa
