A Origem da palavra música é grega. A etimologia está e musiké téchne, que significa a arte das musas, divindades que cantavam as memórias do passado. A técnica da música consiste em arranjar sons em uma sucessão, intercalados com períodos de silêncio, por um determinado período.
Entendida dessa forma, a música é uma linguagem, uma forma de comunicação. É uma linguagem tão real quanto aquela que usamos para conversar, mas que vai além.
Victor Hugo, grande dramaturgo, retratou a definição de música da seguinte forma: “A música expressa o que não pode ser dito em palavras, mas não pode permanecer em silêncio”.
A música é indissociável da cultura. Desde que o homem é homem, tem havido registros de música. Naturalmente, o ser humano observou os sons da natureza e percebeu que poderia reproduzi-los. Para entender a história da música, é necessário voltar aos tempos pré-históricos, passar pela antiguidade, pelos períodos medievais e modernos, e finalmente aos dias atuais. A música existe como linguagem desde que o próprio homem é homem.
Música na pré-história
Os primeiros homens ouviam o som das ondas, o canto dos pássaros, os sons que outros animais faziam para se comunicar, os trovões, os uivos do vento e os próprios batimentos do coração. Perceberam também que podiam produzir sons, por exemplo, batendo as palmas das mãos, os pés no chão e com a sua própria voz. Há registros de uma flauta feita de osso datada de 60.000 a. C. Apesar deste dado arqueológico, as informações se tornam mais substanciais na antiguidade.
A música no Egito
As referências iconográficas comprovam que no antigo Egito por volta de 3.000 a. C., havia instrumentos variados como tambor, harpa, cítara e a flauta. A música era um importante elemento religioso. Os antigos egípcios acreditavam que o deus Thoth era o criador da música, e que Osíris a tinha usado para civilizar o mundo. Na vida das comunidades, a música estava relacionada à comunicação, aos sagrados e à dança.
A Música na Mesopotâmia
A região da Mesopotâmia estava localizada entre os rios Tigre e Eufrates. Ali viveram os Sumérios, os Assírios e os Babilônios. Nessa região foram encontradas liras e harpas em 3.000 a.C. Harpas sumérias que tinham entre 3 e 20 cordas foram descobertas em escavações. Alguns objetos encontrados tinham mais de 5 mil anos. Além das harpas, arqueólogos também encontraram cítaras que pertenciam aos Assírios. E o mais impressionante foi o registro na mais antiga linguagem escrita do mundo: a escrita cuneiforme. Nele havia registros de músicos, geralmente dentro dos palácios ao lado dos monarcas.
A Música na China e na Índia
A música prosperou na Ásia, especialmente na China e na Índia, muito fortemente relacionada à espiritualidade. Entre os chineses o instrumento mais popular foi a cítara cítara em um sistema musical que possuía uma escala de cinco tons, chamada pentatônica. Na Índia, em 800 a.C., utilizavam-se as ragas, compostas de tons e semitons e não de notas.
É interessante notar que nas grandes civilizações exemplificadas acima, a música desempenhou um papel transcendental, unindo o homem ao sagrado, a algo superior.
A música na Grécia antiga
O berço da cultura ocidental foi a Grécia, e com a música não foi diferente. A forma como a música é entendida hoje, deve-se aos gregos que a consideravam como uma forma de elevar o homem transcedentalmente e moralmente. Para os gregos, Apolo, por exemplo, era a divindade que regia as artes. Em muitas representações é possível vê-lo segurando uma lira, um dos mais antigos instrumentos de corda. Os pré-socráticos, Sócrates, Platão e Aristóteles, entre muitos outros, entenderam que através da música as pessoas poderiam ser melhores. De acordo com Pitágoras,se não houvesse música no mundo, a alma adoeceria. Platão, n’O Banquete, falou sobre a interferência da música na vida das pessoas. Em sua filosofia, explicou que a música poderia alterar o estado anímico das pessoas em direção a tristeza ou alegria, entre outros sentimentos.
Influência do cristianismo e da igreja católica na história da música
O império romano, embora tenha derrotado os gregos militarmente, foi vencido culturalmente, e o helenismo continuou a viver. Nas peças de teatro, a música tinha uma função fundamental, embora menos importante que na cultura grega. A expansão de Roma foi também a expansão do cristianismo e da música cristã. As pessoas exploram a voz humana mais do que no passado exploraram os instrumentos, que se tornaram secundários em relação à voz humana. O cristianismo foi uma das principais influências que trouxe a presença da voz à música. Isso aconteceu por causa da salmodia, do cantochão e do canto gregoriano.
As Salmodias são salmos cantados com base na música modal grega, com pouca variação.
O Cantochão não apresenta muita variação sonora, sendo uma forma de leitura cantada basicamente em um tom. O que antes era modal e instrumental, tornou-se modal e vocal. Com o Papa Gregório I, ou Gregório, o Magno, a análise musical foi aprofundada, reinventada e definida como a música da liturgia católica ocidental. Dessa forma, surgiu o canto gregoriano.
Música, Renascimento e humanismo
Foi no período do humanismo que surgiu Giovanni Pierluigi da Palestrina, a maior representação da música ocidental. Depois surgiu, por exemplo, Claudio Monteverdi, grande compositor italiano. A igreja, com sede em Roma, havia se tornado um grande investidor da cultura no período renascentista, que assistiu ao florescimento de gênios. Entre os séculos XIV e XVI, a cultura passou por transformações que impactaram a história da música. A cultura foi enriquecida e se tornou presente na vida das pessoas. Surgiram os mecenas, cidades que viviam em torno das obras de arte e luthiers, profissionais especializados na construção e reparo de instrumentos de corda. No período do humanismo, o ser humano se mostrou espetacular, o pilar do conhecimento. O homem ocupou o centro das atenções como um ser racional e maravilhoso, capaz de grandes feitos. A cultura que existia até então era teocêntrica e se tornou antropocêntrica.
A Música no Barroco
A partir do século XVII, o barroco promoveu mudanças marcantes no cenário musical, trabalhando com sonoridades e com estruturas harmônicas mais complexas, cheias de floreios e detalhes reboscados. As obras deste período inovaram a harmonia da obra musical e trouxeram uma característica incontestável, que foi a regularidade rítmica. Nomes como, Johan Sebastian Bach, Domenico Scarlatti, Antonio Vivaldi, entre outros, foram ícones neste período.
A Música Clássica
Nessa época, a música instrumental e as orquestras ganharam ainda mais destaque. O piano tomou o lugar do cravo e foram criadas notas estruturas musicais, como a sonata, a sinfonia, o concerto e o quarteto de cordas. Os músicos que aperfeiçoaram e enriqueceram a sinfonia clássica foram, Joseph Haydn, Wolfgang Amadeus Mozart e Ludwig Van Beethoven.
A Música nos séculos XX e XXI
O rádio possibilitou uma grande transformação na música. Com isso, surgiram novas tecnologias e suportes para as gravações e para a difusão musical. Os artistas começaram a se popularizar rapidamente, o que também deu impulso à indústria musical. A televisão permitiu clipes, e as faz com primazia da melodia e da harmonia, e a música começou a mover mais o corpo através da sensualidade do que com a alma através da inteligência. Apesar da popularização que os meios tecnológicos trouxeram, o que é bom, o lado negativo foi a expansão da indústria cultural. Esta última ocupa-se mais com a venda do que com a arte.
O transcendente e o efeito da música sobre o ser humano
Os filósofos gregos diziam que o ser humano é apoiado em 4 Transcendentais: Unidade, Verdade, Bondade e Beleza. A unidade faz com que a pessoa seja sempre a mesma, íntegra, coesa e constante. A verdade torna o homem digno de confiança, fiel e atento à realidade. A Bondade atrai, porque o mal é ruim em si mesmo e repele. Finalmente, a Beleza é uma necessidade humana para realidade superior, que é opcional, faz parte do ser humano. O homem precisa da experiência do encantamento. Precisa assistir com paz o pôr do sol, descansar seu olhar no que é belo. Ela interfere na inteligência e na vontade (potências superiores). A inteligência conhece e a vontade quer.
Estudar a história da música e ouvir o que tem qualidade é dar vida ao homem. Infelizmente, esta noção se perdeu se perdeu nos tempos atuais.