Esperança é pouco para descrever uma história tão incrível em ‘O Som da Esperança’

Reprodução: Paris Filmes

No Brasil, segundo levantamentos do Sistema Nacional de Adoção do Conselho Nacional de Justiça, aproximadamente 5 mil crianças esperam na fila de adoção para terem um novo lar, uma nova família e conhecer verdadeiramente o amor. Já nos EUA (o país de primeiro mundo) este número é muito maior: Mais de 100 mil crianças, de acordo com as informações apresentadas no filme.

Embora a religião esteja muito presente no novo filme da Angel Studios (de O Som da Liberdade), neste filme, os posicionamentos conservadores da indústria ficam um pouco de lado e Deus não está ali para ditar regras, mas para dizer: Amem o próximo. Parece até irônico…

Isso me surpreendeu positivamente, afinal, me recusei a assistir o primeiro sucesso do estúdio diante de toda imagem que eles passaram (o que estou cogitando rever). Mas nesse, o trailer me comoveu e fez acreditar que poderia ser um ótimo filme… e foi.

Em ‘O Som da Esperança’, somos apresentados a uma família do interior do Texas, liderada pelo pastor e esposo Martin (Demetrius Grosse) e sua esposa Donna (Nika King) e seus filhos biológicos. Após a morte da mãe, Donna se vê desolada e perdida, entrando em um estado de depressão preocupante. Preocupada e perdendo o sentido da vida, Deus fala com ela através de um gesto simples: crianças brincando no pasto.

Isso acende dentro de Donna uma vontade incessante de realizar adoção de mais crianças e poder fazer a diferença na vida de outras pessoas. Assim, somos apresentados a assistente social Susan, que é enfrenta diariamente as dificuldades e traumas que a vida marginalizada pela sociedade e o sistema capitalista proporcionam a pessoas da periferia. Drogas, prostituição, abusos entre outras situações que são dignas de destruir a vida de qualquer pessoa, quanto mais de crianças.

Assim, Susan autoriza que duas crianças em processo de adoção sejam enviadas para casa de Donna. Tudo começa lindo e fácil, afinal, o casal mesmo com outros filhos tem muito amor para dar. Eis que o inesperado acontece: Donna e Martin decidem adotar mais crianças, porém, não qualquer uma. “Ninguém quer a Terri, ela é bem difícil”, diz Susan em um momento.

Reprodução: Paris Filmes

Isso é o suficiente para que o casal decida ficar com Terri, não importa o quão difícil seja, afinal para eles, Deus não desistiria de um filho seu. Contudo, a pré-adolescente passou por tantos traumas durante longos anos que ocultar isso com gestos de amor não são suficientes, como bem o casal descobre ao longo da trama.

Comovidos pelo que a adoção tem proporcionado de felicidades para eles, Martin decide utilizar de sua influência na igreja (em uma capela que toma conta sozinho), para fazer que a comunidade local também passe a adotar crianças. Durante os cultos, Martin mostra a importância de gestos como esse, do amor como curador de tudo e qualquer coisa. O que são cenas dignas de premiação.

É claro que uma comunidade da década de 90 do interior do Texas, passaria a escutar fortemente os conselhos do pastor, mas mais que isso, eles também entendem a real importância de fazer isso. Há casais sem filhos, outros com os filhos mais velhos e na faculdade, então porque não ceder espaço e amor em seus corações?

Contudo, à medida que o tempo passa, as dificuldades vão aumentando. Não apenas financeiras, mas principalmente de relação. Crianças traumatizadas levam muito tempo para se adaptar à nova rotina. Até porque já se imaginou saindo da sua casa (por mais péssima que seja) e indo para um lugar com pessoas estranhas? Levaria um tempo para você se adaptar, não?

Agarrados na força de Deus, a comunidade se une para ajudar a fortalecer essas relações e a transformar qualquer experiência traumática das crianças em meras lembranças passadas. A coletividade reflexo do senso de humanidade presente ao redor deles é tão forte que realmente começa a reverter tantas situações, menos Terri…

Esse é um filme que você sente cada emoção junto com os personagens. Durante 2 horas, é impossível não pensar em como aquelas crianças estão se sentindo e como Martin e Donna irão lidar com certas situações. Eles erram, aprendem e vão se ajustando a realidade e necessidade de cada filho por terem amor.

Com fotografia impecável nos transportamos para o universo do filme de forma leve e direta, sem pirotecnias. Figurinos e maquiagens dispensam apresentações de tão milimetricamente calculadas e desenhadas para compor toda a arte do longa, que também é notória. Já a trilha sonora é um ponto forte que impulsiona os momentos de tensão, levando qualquer um na poltrona do cinema às lágrimas.

A direção de Joshua Weigel acerta no elenco, nas dosagens cênicas de humor e compreende quando é o momento exato de fazer alguém chorar em cena, rir ou sair dela. Um elenco de peso, não só para os protagonistas Donna e Martin, mas também para cada criança que trouxe para a pele as vivências da história real. Além é claro de Susan, interpretada por Elizabeth Joanna Mitchell, que desempenha um papel fundamental na jornada.

‘O Som da Esperança’ é um filme que mesmo para quem não é religioso, é emocionante, comovente e necessário. Como falei, Deus aqui não é aquele cara exótico de um livro de dois mil anos, mas alguém que aponta a direção do amor de forma singela, pura e verdadeira. O longa estreia nos cinemas nesta quinta-feira(24).

⭐⭐⭐⭐

Assista ao trailer:

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