Após curta temporada em julho de 2024 e grande receptividade do público, o espetáculo “Entretelas” reestreia com oito apresentações a partir do dia 23 de outubro. O trabalho da Stultifera Companhia de Teatro mistura drama, comédia e artes plásticas para retratar as muitas faces do tema “loucura”. A peça bebe em fontes como Antonin Artaud, Erasmo de Roterdã, Michel Foucault, Sebastian Brant e Vincent Van Gogh. Destaque também para as referências a Hieronymus Bosch, considerado o primeiro pintor surrealista, quatro séculos antes da criação do próprio surrealismo.
O diretor, Jean Carlos Sanchez, explica que “Entretelas” nasceu de uma reflexão que partiu da experiência da pandemia, quando as relações foram radicalmente alteradas ao serem intermediadas pelas aceleradas telas tecnológicas. Ele fez então um paralelo com as imagens estáticas das pinturas. “Hoje, nosso principal contato com o mundo se dá pelo digital, que não cumpre função tão distante de um passado em que o mundo era imaginado ao infinito pelo universo sensível dos pintores, que tinham à disposição tintas e telas de tecido emolduradas”, afirma.
O cenário é todo fundamentado em uma estrutura circular. Como compartilhou a atriz Selene Cristina Cangue Quinta, que viu a peça na temporada de 2024, essa escolha do diretor realiza uma espécie de “quebra de todas as paredes”. É uma referência à expressão “quebra da quarta parede”, que significa o ato de o personagem olhar para a plateia durante a encenação. Além disso, a experiência do público é praticamente imersiva, considerando que o espaço escolhido para as apresentações deixa o espectador muito próximo das cenas.
Em tempos de arte “instagramável”, o cenário circular cria um ambiente sensivelmente belo, retratando pinturas rupestres dos primórdios da humanidade e clássicos de Van Gogh. No palco circulam e interagem personagens como Artaud, Van Gogh, Eros, Vênus, Paul Ferdinand Gachet e a própria Loucura, retirada das páginas do clássico “Elogio da Loucura”, de Erasmo de Roterdã. Gachet foi o médico que cuidou de Van Gogh em suas últimas semanas de vida.
Stultifera
Formada por sete atores e pelo diretor Jean Carlos Sanchez, a Stultifera Companhia de Teatro é um grupo independente. Não possui patrocínio ou apoio de leis de incentivo à cultura, contando com recursos próprios para organizar a montagem.
O nome faz referência à “nau dos loucos” ou “Stultifera Navis”, em latim. Esse era o barco no qual, segundo a alegoria, as minorias da sociedade eram lançadas em alto mar durante a Idade Média. Detalhes dessa história são contados no segundo ato de “Entretelas”.
São três anos de ensaios e estudos para compor “Entretelas”. Além dos trabalhos em palco, o elenco participou de diversas discussões teóricas para chegar ao nível de entrosamento atual.
Para saber mais sobre o grupo, acesse o site.
Serviço
Datas: 23, 24, 25, 26, 30 e 31 de outubro e 1º e 2 de novembro (quinta a domingo)
Horário: 20h
Local: Espaço Excêntrico Mauro Zanatta, Rua Lamenha Lins 1429, Curitiba
Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia entrada)
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Via Assessoria de Imprensa
Foto de capa: Créditos via Gaus
