Emilie Dequenne: Uma despedida precoce da estrela de “Rosetta”

O cinema francófono se despede de uma de suas grandes estrelas. Emilie Dequenne, atriz belga que brilhou em Rosetta (1999) e levou o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes por sua atuação no filme dos irmãos Dardenne, faleceu no último domingo, aos 43 anos, na região de Paris. A notícia foi confirmada por sua família e por seu agente à AFP.

Diagnosticada em agosto de 2023 com um câncer raro na glândula suprarrenal, Dequenne enfrentou a doença com coragem, mas passou seus últimos dias em cuidados paliativos. Em fevereiro deste ano, fez um desabafo nas redes sociais por ocasião do Dia Mundial do Câncer: “Que batalha mais implacável! E não se escolhe…”. Já em dezembro, durante uma entrevista à TV francesa, falou abertamente sobre a agressividade da doença, reconhecendo que “não viveria tanto quanto esperava”.

A estreia de Emilie no cinema foi arrebatadora. Aos 18 anos, conquistou o papel-título de Rosetta, uma performance visceral que não só impressionou o júri de Cannes, mas também marcou a carreira dos irmãos Dardenne. “Trabalhamos durante 20 minutos e ficamos muito impressionados por sua força”, relembrou Luc Dardenne. Gilles Jacob, ex-presidente do festival, também exaltou sua presença na tela: “Injetou uma enorme vitalidade a um filme que já seguia a 100 quilômetros por hora”.

O impacto de sua morte reverberou entre colegas e admiradores. O ator Jean Dujardin, além de nomes como Tahar Rahim e Vincent Macaigne, expressaram seu luto. Juliette Binoche, em um comentário na última foto publicada por Dequenne no Instagram, agradeceu a atriz por compartilhar sua jornada “com tanto ardor e generosidade”.

A ministra da Cultura da França, Rachida Dati, lamentou a perda de uma artista “talentosa que ainda tinha muito a oferecer”. No ano passado, mesmo enfrentando os desafios do tratamento, Emilie fez questão de comparecer ao Festival de Cannes, ao lado do marido, Michel Ferracci, para celebrar os 25 anos de Rosetta e apresentar Survivre (Sobreviver), seu último filme — um título que agora carrega um significado ainda mais profundo.

Dequenne deixa uma filha, Milla, nascida em 2002.

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