Créditos: Lina Sumizono
Por Mattias de Sales – Via Cobertura Namoskà
Há peças que nos fazem refletir, outras que nos provocam, e há aquelas que nos arrastam para dentro delas. ECO é uma dessas.
Abrindo a Mostra Namoskà, que acontece de 26 a 30 de março no Espaço Excêntrico Mauro Zanatta, ECO traz uma nova perspectiva sobre o mito de Eco e Narciso. Sempre lembramos de Narciso, preso à própria imagem, mas Eco? O que sobra para ela?
Eco é a que fica. A que sofre. A que repete a última palavra do outro, condenada a não ter voz própria. No espetáculo, essa relação tóxica se materializa num romance entre duas mulheres, um jogo de poder e desejo que se constrói com um texto e uma encenação que fogem do óbvio. O único homem em cena interpreta Zeus, uma figura de autoridade masculina retratada de forma ridicularizada, cercada por mulheres – as deusas, as ninfas, Eco e Narciso.
Mas ECO não se limita à dramaturgia. Ela é uma experiência. O público não apenas assiste, participa. Tudo acontece em um espaço compartilhado, onde as fronteiras entre espectador e cena se dissolvem.
Muito disso vem da forte influência do Teatro Oficina, referência de Kelvin Millach e Caio Frankiu, diretores da Cia Ká. Depois de uma experiência no espaço de Zé Celso, voltaram carregados de ideias. Se Zé Celso enxergava o teatro como um grande rito, ECO bebe dessa fonte sem medo.
Desde a chegada do público, a atmosfera já antecipa a experiência ritualística. Quando o espetáculo começa, não há distância: os espectadores interagem, respondem, sentem no corpo a vibração dessa história.
A maquiagem brinca com a beleza e a decomposição, criando rostos que parecem se desfazer diante dos olhos. E sim, tem pirofagia – fogo em cena!
A Namoskà está chegando, e ECO abre essa jornada com um espetáculo que provoca e convida o público a mergulhar nessa experiência.
Serviço
Data: 26 de março
Sessão: 20h30
Local: Espaço Excêntrico Mauro Zanatta
Ingressos: R$ 40 (inteira) | R$ 20 (meia)
Link para ingressos: Sympla – ECO