O curta-metragem Alice, dirigido por Gabriel Novis e coproduzido pelas produtoras Los Films e MyMama Entertainment, foi o grande vencedor da categoria Melhor Documentário Internacional de Curta-Metragem no Festival Hot Docs, realizado em Toronto, Canadá. Com o prêmio, o filme se qualifica para a disputa por uma vaga no Oscar.
Durante o anúncio, o júri destacou a força da obra: “Pela maneira sensível, matizada e brilhante com que a cinematografia e o roteiro nos levam à experiência da protagonista e nos transportam para uma realidade que é ao mesmo tempo cheia de bondade e beleza, mas também extremamente perigosa e ameaçadora para as pessoas trans em todos os lugares, o júri concede o prêmio a Gabriel Novis por Alice”.
O documentário retrata a história de Alice, artista trans alagoana e amiga de infância do diretor. A narrativa acompanha sua reconexão com o surfe como forma de enfrentar o luto pela morte do pai. Filmado em Alagoas, o curta percorre locais marcantes da juventude da protagonista, ao mesmo tempo em que denuncia questões como a elitização, misoginia e transfobia presentes na comunidade surfista.
Alice compartilha no filme suas reflexões sobre pertencimento e identidade: “Quando eu era criança, achava que Maceió era um limbo, que não acontecia muita coisa. Depois descobri que Djavan e Hermeto Pascoal eram de lá. Foi quando me dei conta de que pertencia a um lugar real, que ocupa espaço e ressoa por outros cantos.”
Ela também reflete sobre a importância de sua representação nas telas: “Acredito que, ao me verem surfando, fazendo arte, vivendo com meus amigos, as pessoas podem vislumbrar algo que muitas vezes é negado a nós, pessoas trans: uma vida plena, com lazer, profissão, afeto. O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, e essa violência vai além do físico — ela é estrutural, simbólica. Este filme mostra, de forma sutil, que continuamos vivos e que não pertencemos a um limbo.”
Novis, que cresceu no mesmo prédio que Alice em Maceió, conta que o projeto nasceu do reencontro entre os dois anos depois, já vivendo em Los Angeles. “Sempre admirei o talento e a autenticidade da Alice. Quando soube que ela havia parado de surfar, algo que fazia com o pai, aquilo me tocou profundamente. Quis criar um filme que não apenas registrasse sua arte e trajetória, mas que a reconectasse com o mar e com suas origens.”
O curta-metragem promove um olhar poético e urgente sobre diversidade e inclusão no surfe, ao mesmo tempo em que celebra a potência artística de sua protagonista. “Espero que esse filme inspire outras pessoas, especialmente de grupos minorizados, a ocuparem seus espaços no esporte, na arte e na vida”, completa o diretor.
Próxima parada: Festival Internacional de Guadalajara
Depois do Hot Docs, Alice será exibido na Mostra Competitiva do 40º Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, que acontece de 6 a 14 de junho. Um dos mais tradicionais da América Latina, o evento já recebeu nomes como Guillermo del Toro, Alfonso Cuarón e Alejandro González Iñárritu.
Alice é coproduzido pela MyMama Entertainment, responsável por obras como Medusa (Quinzena dos Realizadores em Cannes), Amarela (indicado à Palma de Ouro de Melhor Curta) e Vitória, estrelado por Fernanda Montenegro, em coprodução com a Conspiração Filmes e distribuição da Sony Pictures.
Comandada por Gabrielle Auad e Mayra Faour Auad, a MyMama é referência no audiovisual brasileiro e internacional. Duas vezes vencedora do Emmy Internacional, a produtora coleciona títulos premiados em festivais como Cannes, Sundance, Berlinale, Veneza e TIFF, além de projetos para HBO Max, Globoplay, Disney e YouTube Originals.
Via Assessoria de Imprensa