Crítica – O Exorcismo

Deve ser muito difícil encontrar um tema que nunca tenha sido explorado no Cinema. Imagino que fazer um filme sobre exorcismo – um assunto utilizado à exaustão em produções de todos os tipos e orçamentos – seja igualmente complicado. Essa é a missão a que se propõe Joshua John Miller, diretor de “O Exorcismo”.

O longa traz a história de Anthony Miller (Russel Crowe), um ator veterano que fez fama e dinheiro estrelando filmes de ação, mas que sucumbiu ao alcoolismo e ao abuso de drogas enquanto sua esposa sofria de um câncer terminal e sua filha precisava do seu suporte.

Sobrecarregado pela culpa, Miller é escalado para atuar em um filme sobre exorcismo e vê com bons olhos a chance de retomar sua carreira. Quando o ator começa a agir de maneira estranha, porém, sua filha se pergunta se o pai está usando drogas ou se algo pior está acontecendo.

O grande destaque do filme é a fotografia. Quadros escuros, com pouca exposição (à luz) e pouca saturação (cores mais “apagadas”) refletem a mente perturbada do protagonista e a atmosfera fantasmagórica que o enredo propõe. Jogos de luz (que exploram o contraste entre o claro e o escuro) ilustram a dicotomia entre o bem e o mal, como fazia o expressionismo alemão.

A direção de câmera também faz um trabalho muito competente, como quando mostra por detrás das grades, um acuado Miller se confessando na igreja, ou quando acompanha os personagens para mostrar informações importantes de seu entorno.

Mas o filme para por aí. O roteiro – que tinha bastante potencial no primeiro e no segundo ato – se torna uma maçaroca de pontas soltas quando se aproxima do final. É como se o filme não soubesse o que é, e deixasse por conta do espectador decidir a sua mensagem (ou seu conceito-imagem). Sabe aquele meme do desenho do cavalo, que começa lindo e termina de qualquer jeito?

 

Para ser justo, pode ser também um problema de edição, já que a gente (quase) nunca sabe o que o diretor deixou de fora por pressão do estúdio. Resta saber se alguma “versão do diretor” virá à tona para mostrar que o roteiro era, de fato, muito bom e apenas precisava de mais tempo de tela para resolver os conflitos propostos.

“O Exorcismo” chega aos cinemas no dia 01 de agosto e vale duas horas de nossas vidas, principalmente se as outras opções para o final de semana forem arrumar a casa ou visitar a sogra.

About The Author