Assistir filmes é uma atividade prazerosa. Parece algo óbvio, eu sei, mas é uma sensação muito boa poder chegar em casa depois de um dia de trabalho e relaxar vendo um filme divertido ou aproveitar um aguardado filme no cinema ao lado de amigos, familiares ou sua cara metade. Mas sabe o que também é ótimo? Quando você assiste um filme sem expectativa alguma, sem saber praticamente nada do que se trata o longa, e ainda assim, terminar a experiência surpreendido. E foi exatamente assim que me senti ao sair da sessão de Contra o Mundo.
Sendo o longa de estreia do diretor Moritz Mohr, Contra o Mundo narra a história do Garoto (Bill Skarsgård), um rapaz surdo-mudo que deseja se vingar da líder de um governo totalitário por assassinar seus pais e irmã. Após anos treinando com um xamã, o rapaz embarca em uma sanguinolenta jornada para cumprir sua missão.
Só de ler a premissa do filme você já deve estar pensando em pelo menos uma dúzia de filmes com essa mesma ideia. É um tema batido, sim, definitivamente é. Mas da mesma forma que John Wick também tem uma história simples, os filmes mais que compensam na execução ao entregar cenas de ação muito bem dirigidas e coreografadas. Este é o caso de Contra o Mundo.
As sequências de ação do filme são de longe o seu maior acerto, com cenas muito bem coreografadas, criativas e violentas. O ritmo dinâmico e enérgico da direção, valoriza muito bem as coreografias e o impacto de cada golpe, deu a impressão que eu estava vendo um live-action de anime ou videogame de tão frenéticas, psicodélicas e viscerais, o que impressiona ainda mais ao levar em consideração que se trata do primeiro filme dirigido por Mohr.
O roteiro do filme me chamou atenção ao trazer bons momentos cômicos e diálogos que estabelecem bem os personagens e suas relações. Destaque aqui para as interações entre o protagonista e o “fantasma” de sua irmãzinha, Mina (Quinn Copeland), com momentos engraçados e que transmitem muito bem o carinho e afeto entre os irmãos. Não me surpreenderia em saber que estes momentos foram o motivo da contratação de Tyler Burton Smith, roteirista do filme, para encabeçar o script da adaptação live-action de Tartarugas Ninja: O Último Ronin.
Quanto às atuações, deve-se destacar a preparação física de Skarsgård para o longa, que consegue passar a imponência e fisicalidade necessárias para as cenas de ação e comédia. Quanto aos demais personagens, todos têm passagens cômicas pelo longa, mas sem serem exatamente memoráveis.
Já os pontos negativos, o filme apresenta problemas de ritmo especialmente no terceiro ato. Ao todo, ele tem 1h51m, o que não acho uma duração ruim para longas do tipo, mas acredito que removendo algumas sequências o ele ficaria mais enxuto e satisfatório de assistir.
Outro ponto contra o filme é o seu tom. Veja bem, isso por si só não é um problema, já que faz parte da proposta da história ter esses exageros e bizarrices, mas é algo que certamente restringe o público que vai se interessar pelo filme. Se você é do tipo de pessoa que prefere um filme de ação mais pé no chão, sério e “realista”, provavelmente vai se incomodar bastante com o estilo visual e cômico de Contra o Mundo.
No geral, Contra o Mundo foi uma boa surpresa. Com sequências de ação muito bem coreografadas e dinâmicas e boas piadas, o filme consegue entreter e fica de recomendação de assistir caso você curta produções semelhantes. Estou curioso para ver futuros projetos de Moritz Mohr, e se Contra o Mundo é apenas uma demonstração de seu potencial, creio que o diretor estreante tem tudo para se tornar um ótimo contador de histórias.
⭐⭐⭐
Veja o trailer de Contra o Mundo
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