Como é a preparação de um piloto de Fórmula 1

Correr a mais de 300 Km/h durante 2 horas, a uma temperatura de até 50° C não é para qualquer um. É necessário um corpo que suporte tantas adversidades e que esteja muito preparado para todas elas. Na Fórmula 1 há atletas que treinam, por exemplo, três horas por dia em duas sessões, quatro vezes por semana. Saiba algumas características dessa preparação.

Treino aeróbico e musculação

Esse tipo de treino é muito importante para preparar o coração para a corrida. Como o coração é um músculo, quanto mais bem trabalhado ele for, mais sangue vai bombear para o resto do corpo, proporcionando, assim, melhor desempenho das células e, consequentemente, dos órgãos.

Quando um piloto está em um carro, seu coração bate 180 vezes por minuto, durante duas horas, o tempo da prova. O Coração de um piloto trabalha acima de 80% da capacidade durante um Grand Prix inteiro. Por isso, é preciso estar muito bem condicionado. O esforço é tanto que eles podem perder até 4 Kg por prova. Desse peso, muito é perdido em água e sais minerais, precisando depois de uma boa reposição com muita água, isotônicos, e, claro, uma ótima alimentação. Cada piloto desenvolve sua rotina de treinamento:

Jenson Button, campeão mundial de F1 em 2009, escolheu o triatlo porque ficava “facilmente entediado” nos treinamentos. Enquanto a corrida e o pedal oferecem exercícios aeróbicos importantes, a natação estimula o ganho muscular, melhora a resistência e a flexibilidade.

Fernando Alonso é outro que curte pedalar e tem até grupo de pedal.

Já Daniel Ricciardo realiza treinos correndo e jogando squash, que também fortalece as pernas, os braços e os reflexos.

Lewis Hamilton gosta de boxe, muay thai, andar de bicicleta, surfar, escalar, esquiar e até mesmo pilates. Lembrando que este último não é considerado um aeróbico.

A parte da musculação pode ser bem parecida com os exercícios que já conhecemos e que são feitos na academia. O corpo todo precisa estar bem trabalhado, principalmente, ombros, pescoço e abdômen. São essas regiões que dão sustentação para que os pilotos consigam ter um bom rendimento durante as provas.

Exercícios específicos para o pescoço

A força gravitacional, ou também chamada de força G pode exercer 30 kg no pescoço de um piloto durante a prova e, principalmente, durante as curvas. Por isso, eles precisam de treinos específicos para essa região, muitos feitos com capacetes pesados, para simular as condições da prova; e até mesmo com máquinas específicas para cada piloto, aplicando pesos tanto no capacete quanto no volante, a fim de fortalecer a região. Esse tipo de treinamento evita que o atleta em uma curva, por exemplo, encoste sua cabeça na lateral do carro.

O ex-piloto Michael Schumacher desenvolveu com a marca ‘Ferrari’ um simulador para treinamento físico e condicionamento psicológico, em várias pistas de carro e diferentes categorias. O aparelho simula não apenas o traçado, mas também a pressão exercida no pescoço e braços durante as curvas em alta velocidade. E esse tipo de simulador também ajuda os pilotos a treinarem os percursos de olhos fechados, para que em condições adversas, como chuvas fortes, eles possam ter maior controle do carro, ainda que a visibilidade esteja ruim.

Exercícios neuromusculares

Esses exercícios foram criados na Inglaterra no século XX, através de treinos que possibilitassem que as pessoas pudessem fazer exercícios em locais fechados, principalmente, durante o inverno.

São exercícios que melhoram o condicionamento cardiopulmonar e neuromuscular em atletas que precisam de resistência aeróbica ou anaeróbica. Também trabalha a Resistência Muscular Localizada (RML), que tem por objetivo principal melhorar a capacidade do músculo em suportar uma certa carga e se manter sob tensão por um maior tempo; eles também ensinam os músculos a serem mais eficientes, realizando o mesmo movimento gastando menos energia. Trabalham o acionamento da força explosiva, flexibilidade e velocidade dos atletas. Exercícios de Crossfit podem ser utilizados nesse tipo de treinamento.

Exercícios funcionais

Os exercícios funcionais feitos pelos pilotos são bem parecidos com as situações que eles encontram durante as corridas. Vários deles simulam os movimentos que eles fazem com o volante, ao usar, por exemplo, um peso em formato circular, para ficar girando de um lado para o outro, como se fosse a direção. São atividades que trabalham principalmente os antebraços, as mãos e a região do trapézio.

Os atletas também usam o Blazepod para treinar seus reflexos e seu tempo de reação. O instrumento tem uma série de estações de luzes vibrantes – em uma mesa ou montada em uma parede. A missão dos pilotos é responder aos sinais piscantes multicoloridos tocando-os o mais rápido possível. Esse sistema é uma forma de ajudar os competidores a alcançarem o melhor priming possível – que é o processo de expor o corpo a um estímulo para que eles os influenciem positivamente mais tarde.

Em termos básicos, ao ativar os reflexos antes de entrar no carro, as respostas dos pilotos (tanto cognitiva quanto fisicamente) devem estar no seu melhor, no momento que vão à pista. Pilotos de caça também se utilizam desse dispositivo.

Outro modo de treinar é jogar bolinhas para o alto.

Nico Rosberg mantinha os reflexos em dia fazendo malabarismos. Max Verstappen e Daniel Ricciardo são outros dois adeptos da prática.

Na Mercedes, os atletas fazem com uma pequena bola de borracha, enquanto estão na esteira ou na bicicleta. Às vezes, eles já correram 5 km, estão cansados, mas por saber que terão de pagar a bola em algum momento, faz com que se mantenham ligados.

Embora, se tenha uma visão mais ampla dos treinamentos dos pilotos de F1, não custa lembrar que todos eles têm acompanhamento de nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas entre outros profissionais da saúde para deixá-los perfeitamente condicionados para um esporte que não exige menos que a perfeição.

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