De acordo com dados do IBGE e do Ministério do Trabalho e Previdência, apenas no primeiro semestre de 2023, o setor de eventos, shows e entretenimento no geral apresentou um crescimento de 42,3% se comparado ao ano anterior. Além disso foram geradas 12.438 vagas de emprego, gerando uma massa salarial de R$ 71,8 bilhões e com um faturamento anual de R$ 291,1 bilhões, o que representa 3,8% do PIB brasileiro. Os números são resultado da retomada completa do hub setorial em 2023.
Os grandes eventos são responsáveis por toda uma cadeia de geração de renda na economia. São milhares de empregos gerados direta e indiretamente. A produção de um grande espetáculo internacional demanda meses de planejamento e negociações para que tudo dê certo naquelas duas horas, as vezes mais, que se tornam eternas na memória de milhares de pessoas. Montagem do palco, instalação de equipamentos de som e iluminação, a venda dos ingressos, instalação de banheiros químicos, a segurança do público, alvarás junto à prefeitura e corpo de bombeiros, divulgação e muito mais. Todos esses detalhes são acompanhados de perto pela produção do evento. Mas todo esse “circo” necessário na montagem de um show, também impacta em seu entorno, por exemplo, na rede hoteleira, nos restaurantes e lanchonetes próximos ao evento, no transporte privado de passageiros, entre outros agentes beneficiados economicamente em cada evento.
A produtora Lucília Eberienos, nos conta mais sobre as etapas da preparação de um show, “Tem a fase de estratégia e planejamento do show, que incluem inúmeras etapas. Uma das principais é a verba para execução, que vem de patrocínios, investidores ou prefeitura. Daí a gente tenta alcançar o budget exigido para que o evento aconteça. A produção está presente desde o início. Existe a produção do artista e a do show. Quase sempre são equipes diferentes. No show business, deve-se fazer parcerias locais, para que tudo aconteça em perfeita harmonia.”
A escalada do dólar tornou esse trabalho mais caro e complicado, mesmo em cidades tradicionalmente incluídas na rota das turnês sul-americanas como, São Paulo e Rio de Janeiro. Muitas vezes as produtoras que atuam fora do eixo Rio-São Paulo, precisam comprar os shows das produtoras desse eixo. Com isso, a produtora que fechou primeiro, uma data com o artista, coloca uma espécie de “comissão” no valor pelo qual o show foi vendido para ela, repassando para as outras produtoras custos como, passagens aéreas e hospedagem dos músicos. Isso aumenta a margem de lucro da primeira empresa, já que antes teria que arcar com todos esses custos sozinha. Consequentemente, as produtoras de cidades fora do eixo central de shows acabam tendo custos mais elevados para o evento, o que em parte explica o porquê, geralmente, o valor dos ingressos nessas cidades é mais caro do que em SP e RJ. Essa é uma das razões que muitas turnês não passam em algumas cidades.
As maiores produtoras de shows internacionais no Brasil são, Time for Fun ou T4F, Move Concert, a Dell’Arte, XYZ Live, B2S, Planmusic, a Live Nation, entre outras, sendo a Live Nation, a maior empresa de promoção de shows do mundo, presente em 40 países e com um investimento em torno de 12 bilhões de reais por ano em eventos. Essas e outras grandes do setor possuem patrocínio de grandes marcas-especialmente gigantes do ramo de bebidas. Empresas como, Budweiser, Heineken, Skol (que tem um festival com seu nome), Chevrolet, Pepsi, Fusion Energy Drink, Banco Itaú, Santander, Bradesco, são exemplos de grandes investidores do setor de entretenimento. Sem a parceria entre as produtoras e os grandes patrocinadores, a viabilidade de um grande evento seria quase impossível.
Claro que todo evento precisa de uma boa divulgação junto ao público, aí entram as grandes empresas de mídias, que também fazem parte da parceria com a produtora para promoção de um grande show, Rede Globo, UOL, Estadão, Multishow, revista Rolling Stone, entre outras, estão entre as empresas de mídia que atuam no setor.
Há ainda muitos gargalos, muitos problemas a serem resolvidos na realização de um grande show. Dificuldade de transporte público na volta para casa, filas enormes em banheiros do evento, o preço da água e dos alimentos nos shows, segurança, mas sem dúvida, nos últimos anos vimos o crescimento e o aprimoramento das estruturas nos grandes shows. E tudo indica que o setor de entretenimento continuará em alta, com destaque para categoria dos espetáculos musicais, mesmo dois anos após a pandemia, o público deseja curtir shows presenciais, e outra tendência para este ano de 2024, são as turnês de artistas brasileiros.