Autor de Curitiba, Pedro Jucá lança “Amanhã tardará” na Flip 2024 e em Portugal

Créditos: Roberto Filho

Natural do Ceará, mas Curitibano do coração, desde quando se mudou para a capital, Pedro Jucá, uma das novas promessas da literatura brasileira contemporânea, lança seu primeiro romance, Amanhã Tardará (Editora Planeta do Brasil, 320 páginas), que também é seu segundo livro. A obra inaugura uma nova linha de autores nacionais no selo Tusquets, da editora Planeta. O romance reflete intensamente sobre as complexidades das relações familiares, os impactos indeléveis da infância no desejo, na sexualidade e na percepção do tempo.

Em outubro, Jucá segue com sua turnê de lançamento, que já passou por cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza e Curitiba, com destaque para sua participação na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip 2024) e em Lisboa. Na Flip, ele integra a mesa “Afetos”, discutindo as relações afetivas na literatura, com a presença das escritoras Lorena Portela e Taylane Cruz, e mediação de Pedro Azevedo. O evento ocorrerá na Casa Estante Virtual, no dia 10 de outubro, às 14h. Em Lisboa, Jucá realiza o lançamento da obra no Wel Well (@welwell.lisbon), no dia 17 de outubro, às 17h, com uma conversa com a escritora Nara Vidal.

Um Retrato Cru da Família e da Condição Humana

O enredo de Amanhã Tardará acompanha Marcelo, que retorna aos poucos da distante cidade dos Estados Unidos para sua terra natal, a pequena e gelada Ourives, devido à iminente morte de seu pai. O retorno o força a confrontar as memórias dolorosas de sua infância, a ruptura com sua irmã e as relações familiares que moldaram sua identidade. A morte do pai arrasta toda a família para um sofrimento profundo, nunca completamente expurgado. Através de um excesso de silêncio, temas como trauma, finitude e sexualidade assombram todos os personagens, levando-os a um desfecho inevitável, mas ainda assim surpreendente. O romance, do início ao fim, se configura como uma história de formação com aspectos psicológicos precisos e marcantes.

Em uma narrativa introspectiva, densa, porém fluída, Pedro Jucá, com influência da psicanálise, explora questões universais como trauma, comportamento humano e a irreversível passagem do tempo. A obra se revela como uma reflexão profunda e sensível sobre as cicatrizes emocionais que carregamos ao longo da vida, conquistando o leitor com seu olhar apurado sobre a psique humana.

O autor define a obra como uma história sobre os laços familiares e suas múltiplas complexidades, que vão desde contradições e incoerências até momentos de descompasso. “É sobre como a família é brutal”, reflete, ecoando as palavras do próprio narrador, e completa: “Sobre nosso destino sublime e infernal de carregar, na memória e no corpo, os traços da primeira infância.”

Estrutura Narrativa e Psicologia Profunda

Amanhã Tardará é dividido em seis partes, cada uma com duas linhas temporais: o presente e o passado. No tempo atual, o narrador descreve seu retorno a Ourives, onde encontra sua família nuclear, seus pais idosos lidando com doenças. Ao relembrar a infância e a juventude, Marcelo revisita os anos vividos, reconstituindo, junto com os pais e a irmã, as relações que definiram sua trajetória.

À medida que o romance avança, acompanhamos o sofrimento de uma família imersa na dor, incapaz de lidar com as perdas e se entregando, de maneira solitária, a um processo de autodestruição. Marcelo, o guia da narrativa, descreve com crueza e desconforto as formas como ele mesmo se machuca.

A obra se destaca pela estrutura psicológica e pelas metáforas que compõem a trama. Com uma visão amadurecida, Pedro Jucá mergulha nos sentimentos dos personagens, oferecendo-lhes uma complexidade emocional rara. O autor vai, aos poucos, montando as peças do enredo, levando o leitor a entender as causas e as consequências das ações de Marcelo. O desfecho da obra se configura como um retrato inquietante da condição humana, consolidando Pedro Jucá como um dos expoentes da nova geração literária brasileira.

O Livro Que Escreve o Autor

Nascido em Fortaleza, Ceará, em 1989, Pedro Jucá viveu até 2018 na capital cearense, quando se mudou para o Paraná, após ser aprovado no concurso para Procurador do Estado. Inicialmente morando em Paranaguá, no litoral, e depois em Curitiba, onde reside atualmente com seus três gatos: Willow, Hopper e Nimbus.

Formado em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Pedro também é pós-graduado em Escrita Criativa pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e em Psicanálise, Arte e Literatura pelo Instituto ESPE. Embora sua carreira profissional seja na área jurídica, Pedro tem se dedicado, nos últimos anos, ao universo das artes, especialmente à escrita, influenciado por sua família de artistas. “Vovô escreveu livros técnicos e poemas, vovó tocava acordeon, mamãe foi professora de dança, e todos os tios têm veia artística”, lembra.

A primeira publicação de Pedro veio por meio da sensibilidade de sua avó, que, quando ele completou 18 anos, organizou as histórias que ele escrevia desde criança em um livrinho artesanal. Após a infância e adolescência, com a escrita de contos para premiações, Pedro retornou de fato à literatura em 2020, durante a pandemia, o que ele considera o início do grande projeto de sua vida: se dedicar à escrita.

Com uma carreira em ascensão, Pedro já foi premiado com o Prêmio Ideal Clube de Literatura, o Prêmio Off Flip e o Prêmio de Literatura UNIFOR. O isolamento da pandemia resultou no livro *Coisa Amor* (Editora Urutau) e também nos primeiros rascunhos de Amanhã Tardará, que levou mais de quatro anos para ser finalizado. Atualmente agenciado pela Agência Riff, ele também escreve crônicas para o portal Curitiba Cult.

A estreia do romance marca uma nova fase na carreira de Pedro Jucá. “A obra me transformou em um escritor mais maduro, com mais segurança para abandonar trechos, conceitos e ideias, sempre em prol do efeito final”, afirma. O autor também reflete sobre o impacto pessoal da obra em sua vida, destacando que, ao escrever o livro, ele percebeu que um dos temas centrais da narrativa, a respiração, estava relacionado com sua experiência com a ansiedade. “A gente escreve o livro, e de alguma forma, o livro vai escrevendo a gente também”, conclui.

(Com informações e imagens da Assessoria de Imprensa)

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