Iracema: uma transa amazônica é uma das obras mais emblemáticas do cinema brasileiro, destacando-se por sua inovadora fusão entre documentário e ficção. Realizado em plena ditadura militar, o filme acompanha o improvável encontro entre Iracema, uma jovem indígena, e Tião, um caminhoneiro seduzido pelo discurso do progresso impulsionado pela construção da rodovia Transamazônica. A escolha de filmar em 16 mm, com cenas captadas em tempo real, confere à obra um caráter visceral e autêntico, onde a linha entre o real e o encenado se dissolve diante do espectador.
O roteiro se desvela à medida que Iracema e Tião percorrem a estrada, revelando não apenas a transformação física da floresta, mas também o avanço de violências normalizadas: o desmatamento desenfreado, a grilagem de terras, a exploração sexual e a marginalização dos povos originários. Nesse sentido, o filme transcende o retrato de personagens para se converter em um documento histórico, um testemunho contundente da devastação promovida em nome do desenvolvimento.
Considerado pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como um dos 100 maiores filmes nacionais de todos os tempos, Iracema construiu, ao longo de meio século, uma trajetória de reconhecimento e prêmios. Entre eles, destacam-se os quatro troféus conquistados no Festival de Brasília de 1980, além do recente destaque em mostras internacionais como o Festival do Rio e Festival de Berlim.
Via Assessoria de Imprensa
