Angela Ro Ro, um ícone da música brasileira, faleceu esta semana, aos 75 anos, vítima de uma infecção pulmonar. Um dos maiores ícones do MPB entre as décadas de 70 e 80, deixa o mundo, mas suas obras serão eternas.
Angela Maria Diniz Gonsalves, como era chamada antes da fama, nasceu em 5 de dezembro de 1949, no Rio de Janeiro. Filha de uma enfermeira e de um policial civil, Angela já demonstrava desde muito cedo sua paixão pela música; aos 5 anos, estudava piano clássico. Seu apelido “Ro Ro”, que futuramente tornou-se seu nome artístico, surgiu nessa mesma época, devido à sua risada marcante e à sua voz grave.
Nos anos 70, a cantora saiu do país em busca de amadurecimento artístico. Viveu um tempo na Itália, onde conheceu o cineasta Glauber Rocha. Seu próximo destino foi a Inglaterra, onde trabalhou como faxineira, garçonete e lavadora de pratos.
Guerreira e insistente, cantava em bares e compunha suas canções. Nessa época, foi apresentada por Glauber Rocha a Caetano Veloso, que estava exilado devido à ditadura. Em 1971, a convite de Caetano, Angela participou do álbum Transa, obra hoje considerada cultuada dentro da MPB.
Angela era assumidamente lésbica, ingressou na comunidade em meio à ditadura e foi considerada, por muitos, a pioneira da representatividade LGBTQIAPN+ no Brasil.
Dona de 145 composições registradas, teve seu nome citado até por autores renomados. Nos textos de Caio Fernando Abreu, é comum encontrar indicações de músicas para ouvir durante a leitura, e em seu conto “Os Sobreviventes” não foi diferente. Na obra de 1982, é possível observar a seguinte sugestão: “para ler ao som de Angela Ro Ro”. A cantora e compositora não era aclamada apenas no mundo musical, mas também em todo o meio artístico brasileiro.
Seu álbum de estreia, Angela Ro Ro (1979), é considerado até hoje um clássico da MPB, com composições próprias como Amor, Meu Grande Amor e Balada da Arrasada.

Passou por diversas situações financeiras devido à falta de aposentadoria e ao bloqueio de sua conta; pedia apoio dos fãs para custear despesas médicas e de manutenção. Em junho, foi internada em estado grave, permaneceu 21 dias na UTI e, infelizmente, não resistiu.
Angela Ro Ro viveu até o fim com uma alegria inabalável, e que sua arte e seu legado nunca deixem de tocar o coração de todos que a escutam.
