André Griffo apresenta um panorama de sua trajetória no Paço Imperial

O Paço Imperial inaugura, no sábado, 14 de junho de 2025, a exposição “Alto Barroco”, que apresenta um panorama da trajetória artística de André Griffo, reunindo mais de 50 obras, entre pinturas e instalações, muitas delas inéditas. A mostra tem curadoria de Juliana Gontijo e ocupa o pátio principal, três salões do primeiro andar e dois do segundo pavimento da instituição. Esta é a primeira individual do artista no Rio de Janeiro, após participações em coletivas e exposições individuais no Centro Cultural São Paulo e no Palácio das Artes, em Belo Horizonte.

Segundo a curadora Juliana Gontijo, que acompanha o trabalho do artista há mais de uma década, o objetivo da exposição é apresentar um panorama da produção de Griffo, mas sem uma organização cronológica, já que muitas de suas séries se estendem por vários anos e dialogam entre si.

A exposição se organiza por temas, reunindo obras de diferentes períodos, como “Back to Olympia” (2017), “Sala dos provedores” (2018), “O Vendedor de miniaturas” (2021) e “Instruções para administração de fazendas 2” (2018). Também serão apresentadas duas pinturas inéditas e outras pertencentes a coleções particulares, nunca exibidas anteriormente. A curadoria procurou incluir suportes variados e diferentes técnicas, ampliando a percepção do público sobre a produção de Griffo, conhecido por suas pinturas de grandes dimensões. “Não se trata de uma exposição de pintura tradicional”, afirma Gontijo.

Griffo é graduado em Arquitetura e Urbanismo e iniciou sua trajetória nas artes visuais criando cenas com máquinas, estruturas mecânicas e fragmentos de corpos de animais, como bois e porcos, marcadas por signos de violência e morte. A partir de 2014, passou a concentrar sua investigação na pintura, com ênfase na representação da arquitetura, geralmente sem figuras humanas. Em seus trabalhos mais recentes, revisita obras da história da arte para problematizar episódios em que se entrelaçam religião, poder e violência.

Sua obra conjuga crítica social e reverência formal, adotando uma linguagem barroca em que o excesso é utilizado como estratégia discursiva. As pinturas abordam temas como poder, religião, política e questões raciais. “O tema central do meu trabalho é a religião e como ela vem sendo usada como uma ferramenta de controle desde o Brasil colonial até a união das milícias com algumas igrejas evangélicas para dominar áreas na cidade”, explica o artista. Para Gontijo, o trabalho de Griffo revela camadas complexas de leitura que envolvem relações entre religião, poder, patriarcado e colonialidade, articulando-se com a história da arte e questionando o papel da produção artística nesse contexto.

Griffo realiza extensas pesquisas para a criação de suas obras, visitando locais retratados, estudando pinturas e personagens. O título da exposição, “Alto Barroco”, segundo a curadora, refere-se ao excesso e ao ornamento como elementos centrais da estética barroca na contemporaneidade, entendendo o barroco como expressão simultânea de dominação e resistência.

No pátio do Paço Imperial, o visitante será recebido pela instalação “Predileção por alegorias – andaimes” (2015), com 7,5 metros de altura e 4,5 metros de comprimento, composta por andaimes de ferro adornados com arcos ogivais, em referência ao gótico. Griffo afirma que, embora ainda não tratasse diretamente da religião naquele período, já havia um interesse formal por esses elementos arquitetônicos, que mais tarde se tornariam centrais em sua obra.

Na primeira sala estão reunidas pinturas da fase abstrata do artista, como “Um altar consagrado” e “Base para crucificação”, além de “Barroco Vazio” (2014) e “Back to Olympia” (2017). Nesta última, Griffo destaca a figura da serviçal negra da obra original de Manet, propondo uma crítica social. A curadora observa que esse espaço propõe uma reflexão sobre o vazio e o excesso, articulando obras de diferentes períodos a partir dessa dualidade.

As salas seguintes apresentam as obras como composições em camadas, com peças penduradas no teto e distribuídas pelo espaço, abordando temas ligados à religiosidade e à história da pintura. A série “A supressão do santo pelo ornamento” (2018) será exibida com trabalhos suspensos que sugerem flutuação. Griffo destaca a importância simbólica do ornamento nas práticas religiosas, capazes de conduzir uma narrativa mesmo na ausência da imagem sagrada. Também estarão presentes a obra de grandes dimensões “O poder e a glória do pecado” (2019), o retrato do Papa Inocêncio X e trabalhos como “The 80’s” (2024), “Olhos distantes se camuflam na paisagem” (2021) e “Percorrer tempos e ver as mesmas coisas” (2017), que exploram aspectos subjetivos.

O segundo pavimento reúne obras iniciais de Griffo, nas quais surgem o interesse por máquinas, corpos e a arquitetura gótica. Entre os trabalhos apresentados está “O vendedor de miniaturas” (2020), no qual o artista reflete sobre o uso da religião como instrumento de poder em contextos urbanos dominados por milicianos, políticos e líderes religiosos. A instalação “A materialização do canto da Mãe da Lua” (2022), inspirada no canto e na lenda sobre o pássaro Mãe da Lua, aborda a formação da família brasileira e suas relações com o patriarcado e a religião. O som do pássaro será reproduzido no ambiente.

Também serão exibidos trabalhos como “O Massacre dos inocentes” (2023), que mistura personagens contemporâneos com cenários históricos, a série dos Ranieris, inspirada na obra do pintor italiano Sassetta, e uma série de pinturas com folhas de ouro que subvertem o uso tradicional desse material, representando figuras demoníacas contemporâneas a partir de referências religiosas.

André Griffo nasceu em 1979, em Barra Mansa, e vive no Rio de Janeiro. Entre suas principais exposições individuais estão “Exploded View” (Galeria Nara Roesler, Nova York, 2023), “Voarei com as asas que os urubus me deram” (Galeria Nara Roesler, São Paulo, 2022), “Objetos sobre arquitetura gasta” (Centro Cultural São Paulo, 2017) e “Intervenções pendentes em estruturas mistas” (Palácio das Artes, Belo Horizonte, 2015). Participou ainda de coletivas como “From the Ashes” (Londres, 2024), “Contratempo” (Museu Eva Klabin, Rio de Janeiro, 2024), “Parada 7 Arte em Resistência” (Centro Cultural da Justiça Federal, 2022), “Casa Carioca” (Museu de Arte do Rio, 2020/2021), “21ª Bienal Sesc_Videobrasil” (São Paulo, 2019), entre outras. Suas obras integram acervos de instituições como o Denver Art Museum, o Kistefos Museum (Noruega), o Museu de Arte do Rio, o Museu da Fotografia (Fortaleza), o Instituto Itaú Cultural (São Paulo) e o Instituto PIPA (Rio de Janeiro).

Serviço: André Griffo – Alto Barroco

Abertura: 14 de junho de 2025, das 15h às 19h

Exposição: até 10 de agosto de 2025

Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial [Térreo, 1° e 2° pavimentos]

Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ

Terça a domingo e feriados, das 12h às 18h.

Entrada gratuita

Curadoria: Juliana Gontijo

Patrocínio: Itaú Unibanco através da Lei Rouanet

Apoio: Galeria Nara Roesler

Produção: Tisara Arte Produções

Via Assessoria de Imprensa

Foto de capa:  Rafael Adorjan

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