Baseado no conto fantástico de Stephen King A Vida de Chuck, o filme dirigido por Mike Flanagan é dividido em três arcos, contando a história de Charles Krantz, vivido por Tom Hiddleston. A narrativa começa pelo fim: Chuck está morrendo e o mundo acabando, sendo sua última mensagem transmitida em TVs, outdoors e hologramas — “Obrigado, Chuck, pelos 39 anos”. Isso nos faz indagar: quem é Chuck, por que o mundo está acabando e qual a sua importância?
Em seguida, vem o segundo arco, que mostra uma tarde de sua vida adulta — o momento em que Hiddleston tem para brilhar, entregando todo seu carisma natural. Aqui também fica evidente a assinatura de Mike Flanagan, conhecido por obras de terror como A Maldição da Residência Hill e Doutor Sono, mas que surpreende ao apostar em um drama existencial cheio de sensibilidade. Apesar de ser o protagonista da história, ele não tem tanto tempo de tela, ficando mais ausente no primeiro e no terceiro ato. Já no primeiro arco acompanhamos sua juventude e sua relação com os avós Nesse arco, a presença de Mark Hamill como o avô de Chuck traz uma força extra às cenas, fugindo da imagem icônica de Luke Skywalker com uma atuação mais dramática e sentimental . Logo no início do primeiro ato, o telespectador entende que Chuck é um menino especial.
O filme deixa você cada vez mais interessado na história do garoto e em sua relação com a música, principalmente com a dança. A escolha de Benjamin Pajak para realizar as cenas de dança em sua pré-adolescência foi super assertiva: sua coreografia traz um ar de leveza e doçura para um filme de reflexão existencial tão grande, fazendo o espectador ter vontade de dançar junto com os personagens. Sua química com a atriz Trinity Jo-li Bliss deixa a cena ainda mais encantadora — também uma ótima escolha para o papel. Já Jacob Tremblay aparece como Chuck em sua adolescência, em uma fase mais breve, mas que adiciona camadas importantes para a história do personagem.
O longa faz uma reflexão filosófica sobre a vida, a existência e a morte, trazendo junto de si uma narrativa envolvente que prende do início ao fim sem se tornar cansativa. Ao longo do filme, as peças vão se juntando e tudo começa a fazer sentido: primeiro, um começo melancólico com o mundo acabando; depois, um segundo ato mais alegre com a performance de Hiddleston; e, por fim, um terceiro ato carregado de drama. Esse mix de emoções é o que faz o público abraçar a ideia do filme.
Ao final, o filme fala muito mais sobre a beleza de estar vivo e celebrar cada momento do que sobre a crise existencial do fim. Por isso, é uma obra que também agrada aqueles que não conhecem ou não gostam dos contos de Stephen King.
